Saiba como evitar golpes ao aproximar o cartão nos pagamentos

Tecnologia se popularizou nos últimos anos

Por: Diogo Menezes  -  03/05/24  -  22:18
Sistema passou a ser amplamente aceito em todo o Brasil a partir de 2018; em 2023, já era mais utilizado do que o método tradicional
Sistema passou a ser amplamente aceito em todo o Brasil a partir de 2018; em 2023, já era mais utilizado do que o método tradicional   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Quem é consumidor, sabe. As tecnologias têm auxiliado o brasileiro a ganhar tempo na hora de pagar as contas. Uma delas, que caiu no gosto popular, principalmente nos tempos da pandemia da covid-19, foi a possibilidade de saldar uma dívida com o cartão de aproximação. Sem precisar encostar em aparelhos ou digitar senhas, ele trouxe agilidade na fila do caixa. Mas, da mesma forma que condiciona facilidades, permite com que criminosos apliquem golpes sem que a vítima perceba. Por isso é preciso ficar atento e saber o que fazer para se proteger.


Primeiro, vale entender o que é essa tecnologia. O cartão por aproximação possui um sistema identificado pela sigla NFC (do inglês Comunicação por Campo Próximo).


Por meio dele, e de um equipamento de captura que identifica essa leitura, a chamada “maquininha de cartão”, o documento troca informações do consumidor, liberando o pagamento de forma rápida e sem interferências.


Por usa vez, para receber o sistema NFC, a maquininha conta com outra tecnologia, a EMV (sigla para Europay, MasterCard e Visa, responsáveis pela criação do método), que faz a leitura e permite a transação. Tudo isso é feito sem fios, sem contato físico, apenas através da transmissão de dados.


Hoje em dia, a tecnologia permite a facilidade através dos próprios cartões bancários, ou ainda por meio de celular, relógio e até pulseira com a ferramenta.


Aceitação
A partir de 2018, esse sistema passou a ser amplamente aceito em todo o Brasil. No período mais intenso da covid, entre os anos 2020 e 2022, onde todo contato físico se mostrava perigoso para a transmissão do vírus, o método se apresentou como uma solução eficaz para o consumidor.


Para se ter uma ideia, de acordo com a associação que representa as empresas do setor de meios eletrônicos de pagamento, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em 2018 foram movimentados cerca de R$ 966 bilhões em transações de crédito. Já em 2023 esse número chegou a R$ 2,4 trilhões.


“2023 foi o ano em que, pela primeira vez, os brasileiros passaram a pagar mais por aproximação do que com cartão tradicional em compras presenciais. Em setembro de 2023, mais da metade (52,3%) dessas transações foram realizadas por aproximação, com a tecnologia NFC”, informou a associação.


Golpe
No entanto, problemas envolvendo o chamado “golpe do cartão de aproximação” passaram a ser mais constantes, à medida que esse novo sistema de pagamento se difundia. Parte das reclamações ocorre em ambientes onde há aglomeração de pessoas, como bares e boates.


Conforme o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), em teoria, o criminoso se aproxima com uma máquina de cartões que dispõe do sistema EMV e procura por uma vítima aleatória, inserindo um valor a ser descontado e aproximando o aparelho à carteira ou cartão sem que ela perceba. Dessa forma, é feito o “pagamento” sem que a mesma perceba. A fraude só é descoberta após análise do extrato bancário ou conferência em conta.


Senha
Porém, isso só é possível caso o método de pagamento por aproximação não exija a inserção de senha. Afinal, é possível escolher à medida que melhor atender ao gosto do proprietário do cartão bancário.


Ou seja, caso não exija senha, a vítima estará mais passível ao golpe. Já se o cartão de aproximação exigir a inserção de senha, o ato criminoso ficará inviável, uma vez que dependerá do consentimento do proprietário.


Entidades listam cuidado
O consumidor precisa ficar atento ao uso da tecnologia para não se tornar um alvo fácil dos bandidos. E o Idec lista uma série de dicas com orientações sobre como se proteger.



A primeira delas, mais radical, é fazer o bloqueio do sistema de pagamento por aproximação, voltando a adotar a forma tradicional: inserir o cartão bancário na máquina e pressionar os botões com a senha. Mas, também é possível manter a tecnologia de aproximação, mas mantendo a necessidade de inserir manualmente a senha. Dessa forma, a possibilidade de golpe torna-se nula.


“Alguns cartões fornecem a opção de desabilitar e habilitar a aproximação. Assim, sempre que quiser, quando for em algum evento, por exemplo, pode desabilitar a função e voltar com ela depois”, explica o Idec.


Há ainda possibilidades de carteiras e bolsas com tecnologia de bloqueio à aproximação das maquininhas, evitando a leitura. Outra possibilidade é com o estabelecimento de limites de consumo para compras sem senha. Dessa forma, valores maiores a, por exemplo, R$ 100, exigem a inserção de senha por parte do proprietário.


A Abecs também aconselha ao consumidor a necessidade de estar sempre atento à localização do cartão bancário ou de uma pessoa que se aproxime com uma máquina de leitura de cartões, que hoje possuem os mais diversos tamanhos e modelos (algumas delas podendo caber no próprio bolso). Nesse caso, a associação indica que o proprietário retire o cartão apenas no momento do pagamento, não o deixando exposto ou à vista de possíveis criminosos.


Valor do pagamento
Outra dica é em relação ao valor do pagamento. “Antes de aproximar o cartão ou digitar a senha, sempre confira o valor na máquina. Vale também checar se o dispositivo de venda está com o visor escuro demais ou com alguma outra característica atípica”.


As agências bancárias também oferecem um serviço de recebimento automático de mensagens a cada compra realizada. Fazer esse cadastro permite o acompanhamento do consumo e evita situações indevidas.


Outra recomendação é em relação à perda ou roubo do cartão. Nesse caso, caso sejam identificadas transações inesperadas, a orientação é que o proprietário entre em contato imediatamente com a central de atendimento do cartão.


Ainda conforme a Abecs, caso seja identificado um pagamento não reconhecido, “o cartão possui uma garantia exclusiva entre os meios de pagamento: a possibilidade de contestação de um pagamento”. Nesse caso, é possível recorrer aos próprios direitos.


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