Associação Brasileira da Indústria Química defende uso maior de gás natural

Grande oferta a preços competitivos pode destravar investimentos e fomentar a reindustrialização do País

Por: Arminda Augusto  -  07/05/23  -  21:53
Cordeiro: “Com insumos caros, a competitividade fica comprometida”
Cordeiro: “Com insumos caros, a competitividade fica comprometida”   Foto: Divulgação

Uma oferta maior de gás natural, com preços competitivos e a segurança de perenidade nesse processo são fundamentais para a reindustrialização do País, em especial da indústria química, que gera 2 milhões de empregos diretos e indiretos, se destaca pela mão de obra qualificada e tecnologia de ponta, e representa 12% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial.


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Essa é uma das principais bandeiras da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que enxerga na expansão da oferta de gás natural e barateamento dos preços uma oportunidade de saltar da sexta maior do mundo para a quarta posição e reduzir a ociosidade das indústrias, hoje estimada em 35%.


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“Tanto o setor privado quanto o governo já têm consciência do fator decisivo que é a oferta de gás natural para o processo de reindustrialização brasileiro. É preciso estruturar uma política pública de oferta de gás natural para que a indústria brasileira possa ser competitiva em relação às indústrias de outros países”, diz o presidente da entidade, André Passos Cordeiro, que trabalha em conjunto com outras instituições para dar apoio ao governo na elaboração do programa Gás para Empregar, lançado nesta semana. Anunciada pelo Ministério de Minas e Energia, a iniciativa pode atrair investimentos de até R$ 94,6 bilhões até 2032. A expectativa do governo é que os valores possam ser empregados principalmente em unidades de fertilizantes nitrogenados e outros químicos (R$ 39,3 bilhões), gasodutos de transporte de gás natural (R$ 25 bilhões), unidades de processamento (R$ 15,4 bilhões) e em rotas de escoamento offshore (R$ 14,9 bilhões).


A indústria química tem uma particularidade, que é utilizar o gás natural como fonte de energia e como matéria-prima. “Cerca de 70% dos custos de produção da indústria química estão ligados aos seus insumos. Se um dos insumos mais importantes, como o gás natural, é caro, a competitividade fica prejudicada”, diz André Cordeiro.


A falta de uma política pública clara que estimule maior oferta de gás natural a preços competitivos tem freado os investimentos da indústria química. O executivo cita ao menos dois investimentos que foram paralisados: em Três Lagoas (MT), e outro em Uberaba (MG), entre outros que sequer saíram do papel. O presidente cita, ainda, unidades para fabricação de etanol, que hoje é 100% importado, com possibilidade de duplicação da capacidade de etano e eteno. “Esse conjunto de investimentos que estão parados representa cerca de R$ 70 bilhões que podem ser retomados”.


Reijeção
Cerca de 85% do gás natural produzido no Brasil estão associados ao petróleo, ou seja, ambos estão presentes nos reservatórios.


Para produzir óleo, as empresas têm que extrair gás natural. Ocorre que parte desse gás produzido é reinjetado nos poços (cerca de 45%), não só para potencializar a extração do petróleo, mas também porque falta estrutura de escoamento para a costa.


Para André Cordeiro, reduzir a reinjeção de gás para ofertá-la aos setores produtivos não vai comprometer ou prejudicar a indústria petrolífera. “Para viabilizar esse conjunto de investimentos que estão travados, precisamos de uma fração pequena do gás que é reinjetado. Ou seja, é suficiente para todos”.


Desde julho do ano passado, o setor também não conta mais com o Reiq (Regime Especial da Indústria Química), que vigorava desde 2013 e garantia redução de impostos para equilibrar a competitividade com os produtos importados.


Agenda sustentável

Outro destaque feito pelo presidente da Abiquim: “Estamos trabalhando com uma agenda estratégica, fortemente calcada na transição energética. O tema da sustentabilidade é muito forte. O que estamos vendo no mundo hoje é uma aceleração grande dessa agenda. Deixar de usar combustíveis que prejudicam a camada de ozônio é uma pauta mundial, e o gás natural é fundamental também nesse campo”.


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