Nova realidade das empresas: home office após a pandemia

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas aponta que a modalidade deve crescer 30% após o surto

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  01/05/20  -  20:23
Especialistas ouvidos por A Tribuna destacam que o ambiente de trabalho passou por uma ruptura
Especialistas ouvidos por A Tribuna destacam que o ambiente de trabalho passou por uma ruptura   Foto: AdobeStock

O rápido avanço da covid-19 transformou o planeta. Mudanças tão profundas capazes de moldar novos paradigmas para depois da pandemia. Em meio ao cenário de incertezas econômicas, o futuro do mercado de trabalho passa pela adequação dos espaços físicos e ambiente de diálogo entre trabalhadores e patrões nas negociações trabalhistas. 


Uma coisa é certa: o modelo atual já não se assemelha ao que era antes da escalada do coronavírus. Maior dependência da tecnologia para execução de tarefas remotas, novas ferramentas de gestão de pessoas e flexibilização na carga horária semanal já são novo capítulo nas relações trabalhistas. 


Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) sinaliza esse movimento ao indicar que o número de empresas no País que pretendem adotar o tele-trabalho (home office) após a pandemia deve crescer 30%.


Especialistas ouvidos por A Tribuna destacam que o ambiente de trabalho passou nos últimos meses por uma ruptura, similar às primeiras ondas das revoluções industrial (substituição do trabalho físico por máquinas) e digital (emprego de computadores na rotina de trabalho). Essa tendência deve ditar os rumos futuros do mercado daqui para frente.


“Há um pensamento que diz, as transformações no mundo sempre são aceleradas por guerras ou catástrofes, mas nada se compara ao impacto da covid-19. E a tecnologia tem tido papel de destaque para nos guiar em direção a soluções”, afirma Sammy Roger, vice-presidente de finanças da Benner, empresa especializada em softwares de gestão.


Mundo virtual


Para o economista Fernando Chagas, a quarentena acelerou a implantação do trabalho remoto, que já estava sendo adotado gradativamente por setores da economia. “Está mudando o conceito laboral existente, já que a tecnologia permite o mesmo resultado do ambiente tradicional e diminui custo para o patrão, inclusive para garantir minimamente os empregos atuais”.


O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, Fábio Mello, reconhece que o trabalho remoto já é uma tendência corporativa. “Mas há muito ainda a ser debatido, desde estrutura física para o trabalhador realizar suas funções de casa, como lidar com a parte psicológica e conciliar trabalho e família num mesmo ambiente”.


A implantação do trabalho a distância também representou um teste à gestão de crise das organizações. Isso porque a adaptação para manter as engrenagens internas em funcionamento foi rápida.


Contudo, Chagas diz que a modalidade não aumentará a quantidade de postos de trabalho. Cita, para isso, as projeções de queda de até 6% no PIB, que é a soma das riquezas o País, neste ano. “O que inviabiliza qualquer possibilidade de recuperação do trabalho formal no momento”.


Opinião semelhante tem o também economista Jorge Manuel Ferreira. “Após a pandemia, muitos deverão retomar as atividades normalmente, mas outra parte estará desempregada ou com redução de salário. A economia vai estar muito enfraquecida e a retomada é lenta e gradual”, diz.


Segundo ele, até mesmo a saúde financeira das empresas estará em xeque, com lenta capacidade de o empregador recuperar a capacidade de investimento.


“Muitas empresas estão no vermelho e até captando recursos para atravessar essa crise sem precedentes, então não tem como não apertar os cintos e fazer mais com menos sob pena de sucumbir. Quem não conseguir fazer, vai ser superado pelos que conseguiram. O mercado é competitivo”.


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