Gapa pede volta da distribuição de autotestes de HIV em Santos

Ministério da Saúde, Prefeitura e Estado partilham responsabilidade

Por: Izabelly Fernandes e Rafael Domingues  -  12/04/24  -  18:44
Distribuição de kits com material ocorria há anos de forma permanente e gratuita, afirma presidente
Distribuição de kits com material ocorria há anos de forma permanente e gratuita, afirma presidente   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa) da Baixada Santista, em Santos, não recebe kits com material de autotestagem para detecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) desde dezembro. A presidente da entidade, Nanci Alonso, afirma que a distribuição, que era realizada há anos de forma permanente e gratuita pelo Ministério da Saúde, está suspensa e sem previsão de retorno. As pastas federal e estadual compartilham a responsabilidade pelo problema com o Município.


Ela explica que o local distribuía em média 50 testes por mês. Para ela, a falta do teste rápido é um grande retrocesso. “Todo o trabalho de conscientização que temos feito para as pessoas aderirem ao tratamento está parado. Este é um problema grave de prevenção”.


Nanci conta que a última remessa enviada para o Gapa foi em 11 de dezembro. Desde então, pessoas têm de apelar à rede particular, onde o kit de autotestagem custa cerca de R$ 80,00, ou às unidades de saúde, com teste feito no local.


“Nós conseguimos criar um vínculo de confiança com a população para que fizessem o teste, pois as pessoas ainda possuem preconceito em relação à aids. Elas não querem ir a um serviço público por inúmeros motivos, e na rede farmacêutica não há acolhimento. Com esse kit, ela consegue fazer o teste em casa, sem nenhuma exposição e de forma sigilosa”, comenta Nanci.


O autoteste é rápido e a pessoa, se infectada, pode começar o tratamento imediatamente, para que não se torne transmissora. A iniciativa Viva Melhor Sabendo foi lançada em 2018, pelo Governo Federal, para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social. O paciente retira o autoteste e faz a análise onde se sentir mais confortáveis, após receber orientações. Caso infectado, pode se tratar imediatamente.


A presidente do órgão ressalta que faltam remédios na rede pública para gestantes com HIV. Entre eles, AZT injetável, Neviparina de solução oral e Raltegravir 400 mg. “O AZT, a gestante começa a tomar assim que inicia o trabalho de parto, até o nascimento do bebê. Depois, a criança passa a tomar Neviparina, para que não seja contaminada. O Raltegravir, o bebê toma se a mãe descobriu tardiamente que tem o vírus, e começou a fazer o tratamento só então.”


Resposta
A Prefeitura de Santos informa que os autotestes são fornecidos pelo Ministério da Saúde ao Estado, e este os repassa ao Município. No entanto, o envio não ocorre de forma regular desde o fim do ano passado e não há autotestes em estoque para entrega ao Gapa.


O Município destaca que a realização do teste rápido ocorrre normalmente no Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas (Rua da Constituição, 556), de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. Profissionais colhem uma gota de sangue, e o resultado sai em 15 minutos, com tratamento iniciado imediatamente em caso de teste positivo.


A Secretaria Municipal de Saúde menciona que, há anos, recebe medicamentos em quantidade inferior à solicitada. O problema atinge outras cidades da região, que ajudam umas às outras com empréstimos quando há falta.


União e SP
O Ministério da Saúde informa que a oferta de testes é uma ação coordenada entre a pasta e as secretarias estaduais de Saúde. “Cabem ao ente federal a aquisição e a distribuição contínua de testes rápidos e autotestes de HIV para as secretarias de saúde estaduais e municipais de capitais, conforme demanda informada pela gestão local. Os fluxos de distribuição aos municípios, por sua vez, são de responsabilidade da gestão estadual, incluindo ações articuladas com as organizaçõesda sociedade civil”. O Centro de Referência e Treinamento em DST/ Aids do Estado diz receber testes do ministério e que os entrega quando solicitado. Para Santos, há reserva de 200 autotestes. O estoque dos medicamentos citados também está normalizado em São Paulo, afirma.


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