Forte emoção tende a causar infarto, como foi com Sérgio Guedes, treinador da Briosa

Médico Leonardo Martins Barroso aponta possíveis causas e ações preventivas

Por: Izabelly Fernandes  -  10/04/24  -  17:24
Sérgio Guedes sofreu infarto após derrota da Briosa
Sérgio Guedes sofreu infarto após derrota da Briosa   Foto: Paulo Natário/ AT

A notícia de que o técnico da Portuguesa Santista, Sérgio Guedes, sofreu um infarto após o time não conseguir subir para a Série A1 do Campeonato Paulista e perder a chance de disputar a final do Paulista da Série A2 foi uma surpresa. Mas sofrer um infarto após passar por uma grande emoção, em geral, é mais comum do que se imagina.



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O infarto agudo do miocárdio é a maior causa de mortes no País, segundo o Ministério da Saúde. Estimam-se de 300 a 400 mil casos por ano no Brasil, com uma morte a cada cinco ou sete ocorrências.


O cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado, Leonardo Martins Barroso, aponta que a forte emoção sentida por Sérgio Guedes pode ser equiparada a um grande estresse, que o técnico vinha passando durante toda a temporada e atingiu o limite.


Infarto agudo do miocárdio é a maior causa de mortes no País, de acordo com o Ministério da Saúde
Infarto agudo do miocárdio é a maior causa de mortes no País, de acordo com o Ministério da Saúde   Foto: FreePik

“Ele passou 90 minutos de extremo estresse pela classificação (frustrada) à Série A do Campeonato Paulista, vindo de uma semana de decisão. Então, ele já vinha de uma descarga energética muito alta. Esse sentimento extremo, tanto de alegria como de tristeza, pode liberar certas substâncias com descarga que sobrecarregam o nosso coração”, explica Barroso.


O cardiologista afirma que isso faz o coração trabalhar em um nível mais rápido, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca e desgastando o músculo cardíaco. “Isso favorece o rompimento de placas menores, a ruptura de placa coronária, e consequentemente, leva a um infarto.”


Coração partido
Barroso também descreve uma condição chamada broken heart syndrome — em português, síndrome do coração partido. Nela, a pessoa pode não ter gordura nos vasos sanguíneos, mas, ao passar por um estresse emocional muito grande, libera-se muita adrenalina. Isso pode causar um espasmo dos vasos, causando obstrução momentânea e, por consequência, o infarto.


Ele explica que essa condição é mais comum em mulheres acima de 60 anos. No entanto, o prognóstico é benigno, pois não causa comprometimento do músculo cardíaco a longo prazo. Mas, no momento do episódio, pode matar.


Prevenção
O cardiologista explica que o risco de infarto aumenta em pessoas com mais de 50 anos, devido ao provável maior acúmulo de lipídios ao longo da vida. Como prevenção, a prática de atividades físicas aeróbicas, para gastar a adrenalina circulante. Outro exercício orientado pelo especialista é o ioga, que pode reduzir em até 25% a frequência cardíaca por causa da meditação.


Também pode reduzir as chances de infarto manter uma alimentação regrada, para evitar excesso de peso e acúmulo de lipídios nos vasos sanguíneos. “A genética corresponde a 30% das causas de infarto em uma pessoa, e os outros 70% são causas que você pode adquirir, como estresse, o tipo de alimentação, a falta de exercício físico e o tabagismo”, explica o cardiologista.


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