Viver Bem: Seja flexível com suas emoções

Após cinco meses de isolamento, ânimo pode sofrer um abalo; saiba identificar e o que fazer para não ser vítima de si mesmo

Por: Tatiane Calixto  -  15/08/20  -  21:55
Pessoas estão sendo submetidas a uma situação de desorganização e isso pode desencadear problemas
Pessoas estão sendo submetidas a uma situação de desorganização e isso pode desencadear problemas   Foto: Sydney Sims/Unsplash

Viver a maior pandemia dos últimos 100 anos não é fácil. Por mais que no início da quarentena muitos tenham aproveitado para fazer exercícios na própria sala e assistir a todas as lives da internet, após cinco meses de isolamento e de circulação do vírus, o estado de ânimo pode dar uma balançada. Especialistas falam até em impactos mais graves como depressão e transtorno de estresse pós-traumático. 


Por isso, é importante ficar atento à saúde mental para atravessar bem este período. Que vai passar. 


A pesquisa ConVid, da Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ouviu – pela internet – 11.863 paulistas sobre as mudanças no dia a dia neste período de quarentena. Sobre o estado de ânimo dos entrevistados, 39% responderam que se sentiram tristes ou deprimidos muitas vezes ou sempre. Já 50,9% disseram se sentir ansiosos na mesma intensidade. 


Segundo o psiquiatra e membro do Comitê da Aliança para a Saúde populacional (ASAP), Eduardo Tancredi, as pessoas estão sendo submetidas a uma situação de desorganização muito grande e isso pode desencadear vários problemas. 


“Por sua natureza, o ser humano precisa de ordem e sentido para controlar suas próprias emoções. A sensação de ordem tem origem na própria natureza social da humanidade”, explica Tancredi. Só que, de repente, um vírus surge e, em poucos meses, vira tudo de cabeça para baixo: isolamento social, mudanças no trabalho, perda do emprego, crise financeira, crianças fora da escola, idosos isolados, luto. 


Diante disso, é possível viver um período de reação ao estresse, que pode se manifestar com sintomas de ansiedade, depressão, ou ambos, chamado de Transtorno de Adaptação, que poderá persistir alguns meses, mesmo após a pandemia, avalia o psiquiatra. 


“Muitos não vão se recuperar e desenvolverão quadros de transtornos de depressão ou ansiedade. Pessoas com contato direto com as situações traumática, mesmo aqueles mais preparados, como profissionais de saúde, poderão desenvolver o chamado transtorno de estresse pós-traumático caracterizado, entre outras coisas, pela recorrência de pensamentos e imagens relacionadas ao trauma”, afirma Tancredi.


Tempo 


É claro que cada indivíduo vai reagir de uma maneira. Porém, até os mais resilientes precisam se atentar à saúde mental, afirma Leonard Verea, psiquiatra especializado em Medicina Psicossomática. 
“No começo fazíamos cursos, receitas novas, desenvolvendo a nossa criatividade. Mais o que fazer depois de cinco meses e depois que não tem mais receita? Muitos voltaram ao trabalho e o que estamos vivenciando é a diminuição dos encontros sociais, e o nosso tempo livre dedicado ao lazer”. 


Por isso, Verea orienta que independente da pandemia, para que possamos viver numa situação de harmonia, precisamos ter o equilíbrio entre o nosso tempo dedicado ao trabalho, o nosso tempo dedicada a família, o tempo dedicada ao lazer e o tempo dedicado ao próprio eu. 


“Nós podemos continuar nos dedicando ao trabalho, a família, ao lazer e a nós. Posso viver o meu tempo fora do trabalho, aprimorando meus contatos sociais, por meio dos aplicativos da internet”.


Logo A Tribuna
Newsletter