Pessoas podem aproveitar a quarentena para se reinventar, mas isso não deve ser uma obrigação

Psicólogos explicam que é hora de ir com calma e fazer só aquilo que trouxer prazer, não dor de cabeça

Por: Júnior Batista  -  13/05/20  -  17:25
A questão está em lidar com os problemas sabendo o que você pode fazer
A questão está em lidar com os problemas sabendo o que você pode fazer   Foto: AdobeStock

Calma. Antes de tudo, calma. Respira fundo. Essa é a primeira recomendação para você, nesses tempos de quarentena, quando a cabeça fica girando e girando e você pode ficar se culpando porque te disseram que a fulana já aprendeu alemão nesses quase dois meses isolado enquanto você, no máximo, descobriu que sabe pendurar um quadro sem destruir a pintura da parede. 


Segundo psicólogos, é normal sentir-se mais vulnerável e achar que você está em último lugar nessa corrida maluca da vida para conseguir ser alguém. Mas não está. A pressão é que está mais evidente nessa quarentena.


“O papo motivacional é muito sedutor e bonito, mas pode esconder algo muito maléfico: a presão por ser produtivo, profissional, ser uma pessoa melhor”, explica o psicólogo Bruno Farias.


Na prática, a questão está em lidar com os problemas sabendo o que você pode fazer, o que está em suas mãos. “Parece tiração de sarro, mas o contrário do estoicismo é aquela pessoa muito  preocupada. Eu começo a correr atrás de metas irreais. Já está tudo tão difícil, por que colocar mais pressão?”.


O psicólogo reforça que não há nada de errado com a produtividade, desde que seja algo orgânico, natural. “Eu falo para você que me veio a vontade de ler o clássico da literatura, com o tempo livre. Essa vontade veio, aprendo algo novo que quero aprender. Mas se não for algo orgânico, não adianta”.


Farias diz que, nessa hora atípica, o jeito é ter uma rotina, para ter o trabalho. Mas fora isso, é investir em “alegria”. “É isso que vai fazer com que nosso sistema mental fique em equilíbrio nesse momento tão desafiador. Investir em alegria, assistir algo que te agrade, jogar com os amigos”, reforça o psicólogo. 


Carreira


Segundo a gestora de Relações Humanas e diretora da GTO RH, Thais Mendes, a parte estratégica do trabalho já se reinventou. O home office já fez essa parte em nossas vidas. Então, o jeito é se conhecer. Segundo ela, o dia a dia corrido fez com que as pessoas parassem de se olhar. “Hoje, o se reinventar é desacelerar e criar novas estratégias profissionais. E para quem está disponível no mercado de trabalho, é olhar para o mercado, ver quais foram as estratégias do passado que não funcionaram”. 


E sobre cursos para aproveitar nessas horas, a opinião de Thais é que sempre é bom investir em conhecimento. “Sempre é tempo de investir em conhecimento. Grana curta ou não, temos que buscar informação. De repente, hoje existem cursos que nem sempre te dão a mesma informação de estar ligado numa notícia ou matéria da sua área”.


Para Cledson Bernardo, especialista em gestão de pessoas, a dica é ser resiliente. “Às vezes, somos duros com nós mesmos. Precisamos navegar conforme vai o vento. Muitas vezes somos duros com nós mesmos com relação às mudanças. Esteja atento às novas oportunidades”, diz.


Respira e não se compare


Independentemente de mudanças, carreira, desemprego, nessas horas, o importante é não se cobrar. E não se comparar. O psicólogo reforça que o ideal é fazer tudo de um jeito que seja natural para cada pessoa. “Adicionar pensamentos de produtividade profissional ou pessoal pode fazer mais mal do que bem. Há muita gente reclamando da produtividade que elas idealizaram. Essas pessoas estão em sofrimento e perdendo saúde mental porque acreditaram nesse mundo de influencers”.


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