Meditar remete ao autoconhecimento e faz bem à saúde

Prática traz traz benefícios físicos e mentais capazes de equilibrar a mente e o corpo, mesmo no turbilhão do cotidiano

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  07/09/19  -  19:37
Milo Quadros, kadam do Centro Budista Kadapa Lamrim: meditação conduz à paz interior
Milo Quadros, kadam do Centro Budista Kadapa Lamrim: meditação conduz à paz interior   Foto: Irandy Ribas/AT

É quase fim do dia, mas ainda há um monte de tarefas por terminar. A caixa de e-mails está cheia de mensagens que exigem respostas, o celular não para de tocar e o relógio, como sempre, parece acelerado demais. Na verdade, quase não há tempo para respirar. Esse poderia ser um dia comum para você, para mim ou para a maioria das pessoas. Mas foi decisivo para a auxiliar de escritório Larissa Lopes, de 20 anos. 


“Minha mente deu um branco, fiquei meio paralisada e pensei: ‘Respira’. Respirei fundo e só aí senti o ar entrar. Acho que estava correndo tanto que nem respirar direito estava conseguindo”. Aquele momento de pausa fez Larissa retomar o foco e conseguir terminar o dia. Mas também foi fundamental para que ela decidisse praticar meditação. 


A meditação é uma prática ancestral, muito presente em culturas orientais, relacionada à jornada de autoconhecimento. Na sociedade ocidental atual, vem ganhando espaço com um treino mental, desconectado de dogmas religiosos, mas que traz benefícios físicos e mentais capazes de equilibrar a mente e o corpo, mesmo no turbilhão do cotidiano. 


Meditação 


“A meditação é uma ação mental. É uma mente focada em algo virtuoso. E isso traz paz interior, que é a nossa fonte de felicidade”, afirma o kadam Milo Quadros, do Centro Budista Kadampa Lamrim, de Santos.


Milo faz questão de frisar que essa felicidade está dentro de nós, não fora. Por isso, a meditação é uma ferramenta importante – para todos, não só os budistas, diz. “Hoje, a maioria das pessoas tem uma crença arraigada de que a felicidade vem do exterior e os problemas estão no exterior. Então, elas ficam concentradas no lado de fora. Até por isso, algumas pessoas não entendem o sentido de meditar, já que neste momento olhamos para dentro”.


Segundo ele, tanto a felicidade quanto a raiz dos problemas são estados mentais que podem ser mais “poderosos” que as circunstâncias externas. Quando a mente está tranquila, focada, não se abala tanto e consegue vencer os obstáculos, sem mergulhar no caos. Aquele mesmo caos que, por instantes, paralisou Larissa. “Com a prática, estou conseguindo ficar mais serena, independentemente do que esteja acontecendo. Facilita muito focar nas tarefas, fazer e terminar cada uma. Estou mais tranquila e feliz”.


'Mindfulness'


Nem toda meditação é mindfulness, mas toda mindfulness é meditação. Segundo o médico especialista em Mindfulness Marcelo Demarzo, o termo pode ser definido com um treinamento da mente, que envolve desenvolver e cultivar atenção plena. 


Demarzo é coordenador do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde, referência nacional e internacional nos programas e pesquisas sobre o tema. 


“Os benefícios mais conhecidos e pesquisados estão localizados na área da saúde. Podemos pensar em dois grandes tipos: para o bem-estar e a qualidade de vida e para o tratamento de doenças e enfermidades, em especial as condições crônicas.” 


Na Educação, diz, as pesquisas são mais recentes, mas já demonstram que ajuda professores e alunos a aumentar a capacidade de concentração, o rendimento acadêmico e aprimorar habilidades socioemocionais. 


“A capacidade mental é cada vez menos explorada. É mais habitual realizar múltiplas tarefas simultâneas, em geral no ‘piloto automático’. A boa notícia é que a atenção plena pode ser treinada e aprendida, e esse é o objetivo das técnicas e dos programas baseados em mindfulness”, afirma Dermazo. 


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