Construa sua vida: isso é protagonismo

Segundo especialistas, o vitimismo pode trazer o aconchego momentâneo da zona de conforto, mas está longe de ser um caminho feliz

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  12/10/19  -  22:12
Mudar a vida pelo meio mais seguro, pelo estudo
Mudar a vida pelo meio mais seguro, pelo estudo   Foto: Fonte: Shutterstock

A história do herói, reza a mitologia, precisa de desafios e provações. Aquela emoção que deixa todos com dúvida, frio na barriga ou coração acelerado. O mocinho perde, ganha, acerta, erra. E,  principalmente, aprende, até salvar a vítima e chegar ao ápice da vitória. Na vida real, estamos sempre entre a espada do herói e o choro da vítima. Não se trata de dualismo entre bem e mal. Mas de escolher que papel se vai encarnar. 


Pode parecer estranho, mas não é difícil ser seduzido a interpretar aquele que sempre precisa ser salvo. Afinal, isso também significa ficar livre da dúvida da escolha, do risco de um novo projeto ou do trabalho que dá criar algo ou assumir os próprios erros. 


“O ser humano tende a viver de desculpas e, na Psicologia, falamos do papel de vítima, que é também isso”, reflete a psicóloga Sandra Tarricone, docente do curso de Psicologia da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).  


Segundo ela, por medo, insegurança, a vítima não tem atitude. Não assume os erros, culpa os outros e não se desafia a escolher. Até porque escolha pressupõe perder algo para ter outro. E mais: há o risco de se escolher errado.  


No entanto, interpretar a vida por um ou outro viés é decisivo para ser feliz. “Ser o protagonista é ser o agente principal da nossa história. E isso é importante? Muito. Caso contrário, você estará vivendo a vida de outra pessoa”, afirma Sandra. 


Frustração 


Segundo ela, viver a vida do outro sem realizar ou vivenciar o que deseja provoca frustração. Os anos em que trabalhou com pacientes terminais mostrou que muitos foram tomados por esse sentimento ao descobrirem que não fizeram o que tinham vontade, mas o que outros esperavam que fizessem. E viver para o outro pode custar a felicidade. 


Segundo os especialistas, o vitimismo pode trazer o aconchego momentâneo da zona de conforto, mas está longe de ser um caminho feliz. Aliás, o conceito de felicidade está muito mais próximo de construir e reconstruir caminhos do que qualquer outra coisa. 


Para José Roberto Marques, master coach e presidente do Instituto Brasileiro de Coaching, a felicidade está fora da zona de conforto. Está em se arriscar a fazer algo novo, traçar planos, sonhar e recomeçar tudo se algo não der certo. 


Mas fazer, construir, assumir são ações que a vítima tem dificuldade em realizar. Ela, de forma geral, prefere reclamar. “E é importante não só reclamar. Temos que procurar caminhos para superar as dificuldades e assumir nossa responsabilidade diante da vida. Passamos por algumas tragédias, mas a maior parte das coisas vem pelas nossas próprias escolhas ou pela falta delas”, explica a psicóloga comportamental e coordenadora do setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Denise Diniz. 


Assim, ser protagonista da própria história é estar mais feliz. Para isso, afirmam os especialistas, é fundamental entender que a vida é dinâmica e estar disposto a construir o próprio caminho. De que você gosta? Qual seu sonho? O que torna seu dia mais alegre? Descobrir essas respostas é o primeiro passo. Depois, é preciso ter coragem de colocá-las em prática. “Temos que entender que a vida é dinâmica, e errar e acertar são situações comuns”, afirma Sandra. 


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