Histórias do Carnaval de Santos: Mestre Jorge Simonal

O desfile santista acontece nos dias 2 e 3 de fevereiro na Passarela do Samba Dráuzio da Cruz

Por: Eduardo Silva  -  03/02/24  -  00:00
 O Mestre Jorge Simonal é um dos destaques do Carnaval santista e comandou a bateria da União Imperial por 40 anos
O Mestre Jorge Simonal é um dos destaques do Carnaval santista e comandou a bateria da União Imperial por 40 anos   Foto: Divulgação

O Mestre Jorge Simonal é um dos destaques do Carnaval santista e comandou a bateria da União Imperial por 40 anos. Um dos fundadores da verde e rosa do Marapé, Simonal começou na extinta Império do samba e tem como referências Dráuzio da Cruz, Nego Wilson, que liderava a bateria da Império, e o Mestre Rubens, da X-9. “Eu tinha uma admiração enorme pelo Mestre Rubens. Foi o meu padrinho”. Simonal revela que só saiu da Império para ajudar a fundar a União, que, na verdade, começou ali na Vila Mathias. “Eu frequentava o sambão da Campos Melo na década de 1970. Comecei tocando chocalho e depois fui para a caixa, meu instrumento preferido”. Já na União Imperial ele esteve a frente dos ritmistas por quatro décadas e emprestou muito do seu conhecimento aos componentes da escola. “Quando fomos ao Rio de Janeiro para convidar a Estação Primeira para batizar a União, tive a chance de conhecer Cartola, Dona Zica, Dona Neuma, Delegado, Nélson Sargento, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, entre outros. Eu ia caminhando e tremendo diante daqueles baluartes. Naquele dia, conheci também o Mestre Waldomiro, da Mangueira, que me levou até o palco e me fez, simbolicamente, dirigir a bateria da Mangueira. Fiquei observando tudo. Foi emocionante e inesquecível conhecer tanta gente boa.”


Simonal é de uma geração que foi fundamental para o crescimento da escola do Marapé. “Eu, Zinho, Ricardo Peres éramos amigos de infância e vimos a União crescer”. Na escola, ele também foi compositor e, depois de comandar os ritmistas, também foi diretor de Carnaval. Hoje, Simonal continua perto da bateria Balanço Verde e Rosa, durante o desfile oficial, mas só acompanhando o trabalho do Mestre Manguinha, afilhado do Carnaval. “A União representa a minha vida. Mesmo nos tempos de sucesso nacional do Grupo Tempero, eu nunca deixei a agremiação. É um amor de pai para filho. De filho para pai.”


Simonal é mestre de bateria por paixão e virou professor por vocação. “O Reinaldo Ruas, que faz parte da roda de samba do Ouro Verde, me incentivou a dar aulas de percussão para as crianças. Já rodei por vários bairros da Cidade”. Até o final do ano passado, Simonal ensinava a garotada da UME Paulo Gomes Barbosa. Um projeto feito com muito carinho durante 4 anos, num trabalho em conjunto com a ONG Arcanjo Rafael. Ele também trabalha junto à Uacep e vai expandir esse trabalho para Marapé, São Manoel e Morro do Pacheco.


“Hoje, o que eu mais gosto é ensinar as crianças. Você cria um vínculo eterno. Muitos já cresceram e nunca mais se esqueceram das aulas. Até hoje é o mesmo carinho”. As aulas são a motivação de Simonal, mas o Carnaval sempre vai ocupar um lugar de destaque no coração deste apaixonado pelo samba. “É um grande espetáculo. Um teatro maravilhoso na avenida. Ali na passarela, a paixão pelo Carnaval explode como a de um torcedor pela Seleção Brasileira numa Copa do Mundo.”


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