A frase, do intérprete Ademarzinho do Cavaco, da Unidos da Zona Noroeste, mostra como a influência da família é grande na vida dos sambistas. Filho de Ademar Eugênio, que já foi compositor, carnavalesco e, até, presidente da Velha Guarda da escola de Guarujá, Ademarzinho teve o seu destino traçado enquanto corria pela quadra ou pelo barracão do Feitiço da Ilha. “Lembro do meu pai no palco da Amazonense apresentado enredo ou cantando. Minha mãe e meus tios desfilavam.”
Técnico de segurança do trabalho, ele não consegue parar um minuto no período de Carnaval. “Esta semana mesmo, saí da quadra direto para o trabalho. É complicado, mas não podemos falhar com ninguém”. Com 38 anos de idade, ele desfilou pela primeira vez aos 6 anos, no carro das crianças, e não parou mais. “Essa influência vem do meu pai, que sempre gostou de Carnaval e, quando serviu a Marinha, no Rio, se envolveu ainda mais no Salgueiro e na Imperatriz Leopoldinense. Voltou com muita bagagem e influência do samba carioca.”
Ademarzinho tocava cavaquinho quando o intérprete Paulo da Magia o convidou para cantar no carro de som da Bandeirantes. “Depois, o Joãozinho me viu tocando e me chamou para a Vila Mathias”. Na ala musical, eu também cantei na X-9. “Faz dez anos que eu saio como intérprete oficial. Primeiro da Dragões do Castelo e, há oito anos, na Zona Noroeste, mas agora é a estreia no Grupo Especial. Estou tentando controlar o nervosismo, mas bem animado”. Fã do saudoso Quinho, do Salgueiro, de Bruno Ribas e Vander Pires, do Rio de Janeiro, Ademarzinho também é muito grato aos intérpretes de Santos que o ajudaram desde o início: Paulo da Magia, Joãozinho, Chitão. “Eu ainda tenho o prazer de cantar ao lado do Lelo Garoto, que tem uma longa história no nosso Carnaval.”
Nena
Maria Augusta dos Santos, a Nena, tem 45 anos de Carnaval e uma disposição enorme para falar da maior festa popular do Brasil. Ela já foi lady do Carnaval por duas vezes, é dama do samba nomeada pelo estado-maior da folia e ainda tem o Troféu Dandara da Cidade de santos. No ano passado, foi cidadã samba e ainda carrega o título de embaixadora de samba. “Graças a Deus. O Carnaval representa tudo. Eu tenho um amor muito grande pelo Carnaval. Eu acordo, vivo e amo o samba”. Nena também faz parte do Conselho do Samba e está na maior expectativa para os desfiles deste ano. “Eu espero que todo mundo vá ao sambódromo, que aproveite, curta bastante, com sabedoria e muita paz. E que a gente curta muito todas as escolas, desde a primeira até a última”. Com muito entusiasmo, ela se declara ao Carnaval santista. “É essa representatividade que o Carnaval tem para toda essa gente porque, hoje em dia, a Liga, o Conselho do Samba são uma união só, um pensamento só. De ver as escolas cada vez mais fortes e lindas.”
Luciana da Cruz
A vida dela está totalmente ligada ao Carnaval. Para quem não a conhece, Luciana da Cruz é filha do homem que dá nome à Passarela do Samba Dráuzio da Cruz. Assessora da corte carnavalesca há 11 anos, ela é a responsável por acompanhar em todos os compromissos o Rei Momo, Fábio Sorriso, a rainha Arlene, a princesa Priscila Mara, o cidadão samba, Marcos de Brito, o Notável, e a cidadã, Tereza Cristina. “Depois que fui convidada pela Secretaria de Cultura, foi uma maneira que eu encontrei de seguir o trabalho do meu pai. É claro que ele é sempre lembrado, graças a Deus. Deixou uma história que nunca vai morrer. Nosso Imperador do Samba”. Ela começou muito cedo. Desfilou pela primeira vez com 6 anos na Renascença da Lapa, em São Paulo, porque a mãe dela, Analu, era porta-bandeira, fazendo dupla com o então mestre-sala, Serginho de Paula. “Já meu pai era tudo na Império. Foi fundador da escola, presidente, ensinava até as componentes da agremiação a sambar. O Nego Wilson na frente da bateria, minha irmã Cátia era a rainha. Eu e a minha irmã Janaína éramos as princesas”. Luciana tem um sonho: reviver a Império do Samba, que deixou muita saudade entre os sambistas. “Eu gostaria muito, e todos que me encontram perguntam se a Império vai voltar. Eu gostaria muito, mas faltam recursos.”