Histórias do Carnaval: Baby

Um grito de guerra com personalidade; "Alô, Zona Leste. Alô, Marapé. Alô, Macuco. Alô, povo da coluna. Pra cima deles"

Por: Eduardo Silva  -  03/02/24  -  11:42
  Foto: Walter Mello

O grito de guerra, marca registrada dos intérpretes, ganhava ainda mais personalidade na voz marcante e inconfundível de Almir Schmidt, o Baby. Ele encantou várias comunidades do samba com seu jeito irreverente de cantar e empolgar os componentes de todas as agremiações para as quais emprestou seu carisma e seu talento. Quando assumia o compromisso com uma escola, Baby defendia aquele pavilhão com toda emoção possível. Foi assim desde que começou a cantar na Unidos de Praia Grande. Depois, com a família, ajudou a fundar a Unidos do Parque Bitaru, em São Vicente. O parceiro, amigo e compadre Rubens Gordinho lembra muito bem. “Antes de conhecer o Baby, primeiro eu conheci a voz dele, no meio dos anos 1980. Ele gravou o samba da Bitaru, e aquela voz impressionou todo mundo cantando o samba A Noite de Obatalá, um samba do irmão dele, o Pardal. O Baby ganhou o prêmio de revelação naquele ano na gravação. Todo mundo ficou admirado com aquela voz. Anos depois, ele veio cantar na União Imperial, e a gente, por causa daquela gravação, acabou se conhecendo e formou uma amizade”. Além da União, Baby também cantou na X-9. Da amizade com Gordinho, veio uma parceria maior ainda com Clóvis, Santaninha e Barbosinha. Convidados por seu Nenê e por Betinho, filho dele, que comandavam a Vila Matilde, de São Paulo, eles subiram a Serra para brilhar no Sambódromo da Capital, com um samba inesquecível: “Bateria faz tremer o Anhembi. Se a Vila me chamar, tô aí. É a Nenê, fazendo o quê? O seu ziriguidum. É show de samba, é Carnaval 2001”. Da Nenê para a Vila Maria e, de volta para Santos, na Unidos dos Morros, onde foi a voz do primeiro título da escola do morro. Na última coluna Histórias do Carnaval deste ano, convidamos amigos, parceiros e fãs para prestar uma homenagem ao grande Baby, que, no desfile de hoje, foi convidado pela tradicional Unidos dos Morros para acompanhar a ala Musical, que agora é comandada por Ito Melodia e Thiaguinho. Vai ser um momento muito especial do desfile. Pra cima deles, Baby.


  Foto: Divulgação

Aydan, filho de Baby

“Ser filho de Almir Schmidt, o Baby, é um grande privilégio porque é um intérprete com uma voz emocionante e marcante, que conseguiu abrir portas para tantos artistas e músicos de Santos chegarem ao Carnaval de São Paulo. Um intérprete vitorioso por onde passou. Construiu memórias e glórias tanto em São Paulo como aqui. Tem admiração de grandes intérpretes e músicos dentro e fora do Carnaval. Para mim, é um orgulho muito grande. Eu fico muito emocionado de poder falar do meu pai. No ano passado, eu tive o privilégio de desfilar com ele, pela primeira vez, no Anhembi, em São Paulo, e foi algo muito marcante pra mim. Ver as pessoas de todas as idades, de todas as escolas, tirarem o chapéu para cumprimentá-lo, isso me impactou, me fez ver o quanto meu pai é respeitado no mundo do samba. Eu sou músico hoje por causa do meu pai, por um dia ter sonhado em tocarmos juntos, acompanhá-lo, desfilarmos juntos na avenida. Sou muito grato a ele, que merece todas as homenagens porque foi um intérprete que revolucionou o Carnaval ao emocionar muitas pessoas e conquistar muitos títulos e muitas glórias.”


Joãozinho, intérprete da Brasil

“Almir Schmidt, o Baby. Para mim, um fenômeno, um dos melhores intérpretes que eu tive a honra e o prazer de conhecer e cantar junto. Ele é referência para muita gente. É muito bom ver essa homenagem ao Baby.”


Chitão, intérprete da União Imperial

“O Baby representa inspiração, um grande ídolo. Representa alegria, emoção. Por onde passa está sempre com sorriso no rosto, energia boa, pronto para nos ensinar. A nos dar conselhos. Eu sou grato a Deus por ter colocado o Baby em nossas vidas. E sou grato a ele por tudo que fez e por tudo que representa no Carnaval. E ele conseguiu levar o nome da nossa Cidade para o Brasil e para o mundo inteiro. Pra cima deles, irmão. Um beijo no seu coração.”


Manoel Duarte, intérprete da Sangue Jovem

“Eu, para sempre, hei de te amar. Tirando em primeiro, segundo ou qualquer lugar”. Durante muito tempo, pude escutar essa música na voz de um grande mestre. Uma vez ele me falou que o dia em que eu não sentisse mais esse friozinho na barriga na hora de entrar na avenida, estava na hora de parar. Eu segui seus conselhos, meu irmão. Tô de volta. Baby, te amo, você mora no meu coração. Beijaço. Estamos juntos. Forte abraço.”


Rubens Gordinho, parceiro de samba, amigo e compadre

“Formamos um time de compositores, eu, Baby, Clóvis, Santaninha e Barbosinha. O Baby era o cara que ajeitava as melodias. Então, a gente sempre fez o samba pensando no jeito dele de cantar, a maneira dele de interpretar. Ele era a nossa voz. A voz das nossas composições. Foi uma parceria que deu muito certo porque ganhamos o samba na Nenê por dez anos, além de várias escolas de Santos. O Baby é um dos maiores cantores de samba-enredo do Brasil, reverenciado pelos grandes cantores do Rio de Janeiro, de São Paulo e todo o País. Todo mundo reverencia, sabe da importância dele no Carnaval do Brasil. Daquelas vozes únicas do samba. Com certeza, está na galeria dos grandes cantores do nosso Carnaval. Mais que um parceiro, é meu amigo e compadre.”


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