Ratos ajudam população de Malauí a evitar a fome durante a pandemia

Considerado um dos locais mais pobres do planeta, país africano enfrenta crises de saúde e da economia

Por: Por France Presse  -  05/09/20  -  14:39
Homem vende ratos no espeto ao lado de uma estrada no leste do Malawi
Homem vende ratos no espeto ao lado de uma estrada no leste do Malawi   Foto: Stringer/AFP

Um ingrediente para lá de duvidoso tem sido fonte de proteína dos moradores de Malauí, considerado um dos países mais pobres do planeta. Ratos se tornaram essenciais na alimentação da população da nação africana. O consumo do roedor foi recomendado pelas autoridades de saúde locais como uma alternativa acessível à carne.


"É uma fonte valiosa de proteínas”, alega Sylvester Kathumba, nutricionista chefe do Ministério da Saúde. Localizado no sul da África, o Malauí enfrenta há anos crises de saúde e da economia.


Razão pela qual a mais da metade dos quase 18 milhões de habitantes sobrevive abaixo da linha de pobreza. Pelo balanço da universidade dos americana Johns Hopkins, há mais de 5.400 casos e 175 mortos em decorrência da Covid-19 no país.


Uma federação industrial local (ECAM) registrou a perda de 1.500 empregos por dia, em média, e calculou que o número acumulado pode alcançar 680 mil até o fim do ano. A crise de saúde e econômica aumentou a insegurança alimentar de vários malauianos, obrigados a adotarem medidas alternativas para saciar a fome.


Como a epidemia afeta em especial "pessoas com baixa resistência imunológica, recomendamos uma dieta rica", explica o diretor de alimentação da secretaria de Saúde do distrito de Balaka, Francis Nthalika.


Bernard Simeon, um agricultor, é um dos que passaram a vender os ratos em espetos na beira da estrada. "Caçamos os ratos para viver. Nós usamos como complemento da dieta diária e vendemos aos viajantes para complementar a renda", disse ele.


Sua mulher, Yankho Chalera, diz que eles recorrem aos ratos quando não há dinheiro para comprar carne. "Normalmente, contamos com meu marido e seu trabalho", afirma.


Caça


Para retirar os ratos de suas tocas, os caçadores costumam queimar a mata. "Ao fazer isso, os caçadores destroem o ecossistema", lamenta Duncan Maphwesesa, diretor da ONG Azitona Development Services, no distrito de Balaka.


"Entendemos que as pessoas pobres precisam viver", mas "não percebem que provocam um impacto no meio ambiente e que, assim, participam no aquecimento global", conclui.


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