Garota lésbica espancada em outubro de 2019 aguarda justiça

"Eles agrediram com pauladas, facão e uma barra de concreto, tudo na cabeça", conta a mãe da vítima

Por: Por ATribuna.com.br  -  31/08/20  -  21:47
Thaylanne Costa Santos foi espancada por homofóbicos em 2019
Thaylanne Costa Santos foi espancada por homofóbicos em 2019   Foto: Reprodução

Em outubro de 2019, uma adolescente de 17 anos foi vítima de homofobia e teve 14 dentes arrancados, o maxilar quebrado, um corte profundo na nuca e traumatismo craniano. Quase um ano depois, Thaylanne Costa Santos segue internada e aguarda justiça enquanto toma cinco remédios para tratar os problemas neurológicos, as convulsões e uma depressão que não lhe tira de cama.


O caso ocorreu na cidade de Formosa, em Goiás. Thaylanne voltava de uma festa quando foi cercada por três homens armados com um facão, uma barra de concreto e um pedaço de pau.


"Primeiro começaram a chamá-la de sapatão dos infernos, sapatão tem tudo que morrer", contou Luciana Costa Santos, a mãe da vítima, ao UOL. "Aí eles agrediram com pauladas, facão e uma barra de concreto, tudo na cabeça."


Depois de espancada, Thaylanne foi deixada desacordada sobre uma poça de lama. Como era fim de noite em uma rua sem movimento, ela só foi encontrada horas depois. Seu estado era tão grave que precisou ser resgatada por um helicóptero do Corpo de Bombeiros, que a levou para um hospital da cidade antes de ser transferida para Goiânia.


Além de cuidar dos ferimentos, os médicos precisaram aspirar o pulmão da garota, que acabou ingerindo muito sangue e água suja. O pau e a barra de concreto estavam perto da cabeça dela, sujos de sangue. "O médico disse que o corte acima da nuca foi de um facão, que só não a matou porque devia estar cego", diz Luciana.


Ela ficou banhada de sangue. O corte na nuca dava pra ver o osso. O rosto dela inflamou tanto que reabriram a ferida e encontraram farpas da madeira e britas de concreto


Agressor usou um facão para golpear a nuca de Thaylanne - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal


Thaylane perdeu parte da audição do ouvido esquerdo, precisou reconstruir o maxilar com platina e ainda aguarda pelos implantes dos 14 dentes que perdeu, além da restauração dos que afundaram ou quebraram.


A marca mais profunda deixada pelas agressões foi a cicatriz psicológica.


"Ela ficou com transtorno psiquiátrico. Ela fala com dificuldade e às vezes não diz coisa com coisa. Ela se esquece das nossas conversas e a coordenação motora ficou lenta", conta a mãe, que embarga a voz e chora quando fala sobre o quadro de depressão da filha.


Ela não sai do quarto, fica lá dentro com tudo fechado, luz apagada, embrulhada na coberta. Ela chora muito e nunca mais sorriu...


Embora o crime tenha acontecido há quase um ano, nenhum dos suspeitos identificados pela vítima está preso. Um deles chegou a ser apreendido dois dias depois, mas foi solto à tarde porque ele não foi pego em flagrante nem havia provas, diz Luciana.


"A polícia não faz nada, já faz um ano e não vejo ninguém preso. Se fosse filho de rico já estaria na cadeia", diz a mãe, que discorda da decisão do delegado de registrar o caso como lesão corporal, e não tentativa de homicídio.


Para pressionar a polícia, o Movimento Lute Como Ele lançou um abaixo assinado, que conta com mais de 10 mil assinaturas.


*Com informações do UOL


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