Conexão Portugal: Portugal sem registros de mortes por covid-19 em 24h

Se por um lado, a batalha contra a covid-19 vai indo bem, por outro a econômica, afetada pelo vírus, vai mal

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  06/08/20  -  22:28

Foi na última segunda-feira, dia 3, que, pela primeira vez desde março, quando ocorreu a primeira morte por covid-19 em solo nacional, o país não contabilizou nenhuma morte por conta do vírus em 24 horas, um número para comemorar, enquanto o restante da Europa tem um aumento de casos diários, tendo que recorrer até ao isolamento de algumas regiões. Neste mesmo dia, foram registrados 106 novos casos da doença, um aumento de 0,2%. Os dados são do boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde (DGS). 


Para Antônio Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, o registro de zero morte pela primeira vez é um “motivo de satisfação”. Mas pediu cautela ao afirmar que ainda pode haver um retrocesso na situação. E por isso, aconselha “cautela e humildade” ao olhar para os dados da última segunda-feira. 


Na última semana, o número de novos casos tem girado em torno dos 100 a 120, enquanto que o número de óbitos recorrente à covid-19 tem há algum tempo uma média baixa, com menos de dez mortes por dia. Na terça-feira, dia 4, apenas um óbito foi registrado, além de mais 112 novos casos, até o fechamento desta matéria. Nessa data, Portugal tinha um total de 51.681 infectados, com 1.739 mortes, 401 pessoas se encontravam internadas em hospitais, 44 em unidades de cuidados intensivos, enquanto 37.318 tinham se recuperado da doença.


Mas, se por um lado, a batalha contra a covid-19 vai indo bem, por outro a economia afetada pelo vírus vai mal. O Produto Interno Bruto (PIB) do País teve uma contração de 14,1% no segundo trimestre de 2020, em comparação com o semestre anterior, anunciou esta semana o Instituto Nacional de Estatística (INE) em uma estimativa provisória. Vale lembrar que o trimestre anterior ao qual foi feita a comparação já tinha tido uma queda de 3,8%. Já são dois trimestres consecutivos de quedas. 


Na comparação anual, o PIB no segundo trimestre teve um retrocesso de 16,5%, após uma queda de 2,3% no primeiro trimestre. Para o conjunto do ano de 2020, o governo prevê um retrocesso de 6,9% do PIB, mas o Banco de Portugal é um pouco mais pessimista e prevê para este ano um retrocesso do PIB de 9,5%. O desemprego até o final do ano deve chegar a 13,9%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional. 


Entre os principais fatores para a queda do PIB, estão os reflexos da pandemia no setor do turismo. Com restrições de alguns países para viagens a Portugal, como Inglaterra e Brasil, a queda no setor deve representar algo em torno dos 2%, segundo o FMI. Os dados relativos ao turismo foram analisados a partir de um estudo da Organização Internacional do Turismo, que “inclui um cenário envolvendo um levantamento gradual de restrições às viagens com início em setembro”, que implica em “receitas no turismo 73% abaixo dos níveis de 2019”. Isso porque os meses que mais movimentam o turismo são justamente os meses de julho e agosto, que correspondem ao principal do verão e das férias escolares.


Num curto prazo, o FMI defende que “os esforços de políticas devem continuar a focar-se em providenciar alívios e a promover a recuperação econômica”, sempre com a incerteza de uma segunda onda da doença, até que se tenha uma vacina eficaz para o combate da covid-19.


Sobre o autor


Luiz Plácido é jornalista, apresentador do programa Destino Portugal (transmitido no canal de tv a cabo Travel Box Brazil) e proprietário da agência de turismo Destino Portugal Viagens. Ele escreve na coluna Conexão quinzenalmente, às quintas-feiras, no jornal A Tribuna.


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