Conexão Portugal: Incentivos a imigrantes

Portugal visa atrair imigrantes para o interior lusitano, que sofre com a desertificação

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  12/01/20  -  19:45
Conexão Portugal: A retomada gradual à 'vida normal'
Conexão Portugal: A retomada gradual à 'vida normal'   Foto: Getty Images

Para quem utiliza o Facebook ou as redes sociais, à primeira vista, até parecia mais uma notícia falsa. O título dizia assim: “Portugal dá incentivo a imigrantes que queiram mudar-se para o país”. Pois bem, é verdade! O incentivo visa atrair os imigrantes para o interior lusitano, que já há muito tempo sofre com a desertificação.


De acordo com os resultados definitivos dos censos realizados em 2011, a população residente em Portugal era de 10.562.178 pessoas, o que deve ter aumentado um pouco com os fluxos migratórios desta década. Destes, 60% vivem a pelo menos 25 quilômetros da costa.


Vale lembrar que o litoral representa apenas um quarto do território nacional. Nas áreas metropolitanas de Lisboa, vivem ainda cerca de 2,8 milhões de pessoas e, na do Porto, cerca de 1,8 milhões, ou seja, vivem nessas áreas cerca 45% de toda a população de Portugal continental.

A densidade populacional média do Interior é hoje de 0,28 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto que no Litoral chega aos 104.


Outro dado importante mostra que, entre 1960 e 2016, a população residente no litoral aumentou 52%, enquanto que no interior diminuiu 37%. O único dado que cresceu no interior foi o envelhecimento médio da população, que subiu cerca de 8%. Entre crianças e jovens com menos de 25 anos, 82,4% vivem no Litoral e só 17,6% no interior.


É tentando confrontar esses dados que o governo resolveu agir, dando incentivos aos imigrantes que queiram habitar o interior do país.


Além de contribuir com quantias em dinheiro para as autarquias, a fim de que estes recursos sejam revertidos em prol das localidades, com a construção de centros de saúde e melhorias na infraestrutura para gerar mais emprego, o governo ou os órgãos equivalentes cedem ou oferecem prédios e terrenos a preços irrisórios, reduzem tributos e ajudam no pagamento do aluguel para tentar combater a baixa densidade demográfica do interior.


A iniciativa comum é pela transformação de áreas menos povoadas em pequenos eldorados, com cada câmara desenvolvendo os seus projetos autonomamente, de acordo com os interesses de cada região, criando empregos em locais esvaziados ao longo dos anos pela evasão para as grandes cidades.


E quais as vantagens e desvantagens de viver no interior do país? Entre as vantagens, podemos destacar os custos mais baixos de vida. Enquanto um aluguel de um apartamento de dois quartos sai, nos grandes centros e litoral, por cerca de € 600 ou € 800, no interior é possível pagar entre € 250 e € 400 por mês. Além de gastar menos, o interior costuma ser mais tranquilo e seguro, tem menos poluição e uma maior tranquilidade e qualidade de vida.


Entre as desvantagens, está a menor quantidade de oportunidades de emprego, o difícil acesso aos grandes centros, dependendo da localidade, e a pouca oferta cultural.


Para quem vive em uma grande cidade no Brasil, pode ser um pouco custoso a vida no interior de Portugal, mas para quem esta acostumado a uma vida mais tranquila, pode ser uma oferta dos sonhos. Vale lembrar que, com a saturação dos grandes centros urbanos, em alguns anos é muito provável que as pessoas voltem a optar por uma vida no interior, e com o aumento da procura, ofertas como essa deixem de existir.


Para saber mais sobre este incentivo, escolha uma cidade do interior português e entre em contato com a Câmara Municipal da localidade.


Sobre o autor:


Luiz Plácido é jornalista, apresentador do programa Destino Portugal (transmitido no canal de TV a cabo Travel Box Brazil) e proprietário da agência de turismo Destino Portugal Viagens. Ele escreve na coluna Conexão quinzenalmente, às quintas-feiras.


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