Conexão Japão: Pacifismo assertivo

Colunista Yukio Spinosa explica como a interação promove o crescimento econômico dos países por meio de transferência de know-how

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  01/11/19  -  18:34

Na semana em que o presidente do Brasil viajou ao Japão, o algoritmo do Facebook coloca um anúncio na minha linha do tempo, baseado em meu perfil, nacionalidade, preferências e atividades nesta mídia social. Tratava-se de um vídeo divertido do Ministério das Relações Exteriores sobre ODA, a sigla em Inglês para assistência oficial de desenvolvimento, um programa criado em 1969 pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e que agora compartilho com o leitor.


O mecanismo funciona como uma ajuda governamental que promove o crescimento econômico e bem-estar dos países em desenvolvimento através da transferência de know-how. Por exemplo, o Chile não tinha nem mesmo um salmão em seu extenso litoral, no Pacífico Sul. Graças ao suporte tecnológico do Japão, o país tornou-se o segundo maior exportador do pescado. O resultado foi a melhoria da qualidade de vida no país da América do Sul, que passou, também, a suprir a demanda do mercado japonês pelo salmão.


O vídeo intenta esclarecer que ODA não é apenas envio de dinheiro do Japão e outros 29 membros da OCDE para países em desenvolvimento. Os projetos são escolhidos por sua sustentabilidade e importância para a sociedade local e para o país doador dos recursos.


O Japão promove o desenvolvimento e coopera com outros países, visando contribuir ativamente para garantir paz, segurança e prosperidade na comunidade internacional desde 1954. Atualmente, por exemplo, o treinamento das agências de segurança marítima de Omã e do Iemen para resolver problemas com pirataria, soma-se à ajuda humanitária à Somália, numa questão que afeta diretamente a segurança de dois mil navios de bandeira japonesa por ano.


Há medidas para conter a disseminação de doenças em países da Ásia, aumentando sua capacidade de lidar com doenças infecciosas como a gripe aviária e influenza, através da cooperação técnica e ajuda provida pelo Instituto Nacional de Saúde Epidemiológica do país, que contribui para reduzir a transmissão de doenças infecciosas ao Japão.


E também o desenvolvimento de recursos humanos e sistema legal também de países da Ásia, que contribui para a elevação dos receptores e prepara o terreno para o avanço de empresas japonesas.


O envio de ODA é regido por um conjunto de normas do Comitê de Assistência ao Desenvolvimento (DAC, na sigla em Inglês) da OCDE. Porém, nem sempre os resultados são positivos. O caso mais emblemático ocorreu com a China, que durante 40 anos foi o destino de US$ 32 bilhões, com o objetivo de estabelecer uma relação de amizade entre os países vizinhos com projetos de transferência de tecnologia, construção de infraestrutura como terminal de aeroporto, hospital, maternidade e linha de metrô.


Outros US$ 30 bilhões em empréstimos do Ministério das Finanças e o Banco de Exportação e Importação dobraram o valor da assistência. No entanto, um abismo entre intenções e resultados foi evidenciado com protestos em massa na China em 2012, a respeito da disputa sobre as ilhas Senkaku. Foi constatado que o governo chinês nunca divulgou à população sobre a ajuda do Japão. Não havendo como “alcançar os corações do povo chinês”, como objetivou o premiê Mahayoshi Ohida em 1979, a ajuda à, agora, superpotência, foi encerrada em 2018.


Logo A Tribuna
Newsletter