Estou na Itália já há alguns dias e ficarei cerca de um mês. Amo este país, que considero o mais bonito de todo o mundo. E não afirmo isso por ser descendente de italianos, mas porque minhas reiteradas visitas ao país me fizeram enxergar as muitas Itálias dentro da Itália, cada qual com sua beleza, sua personalidade, sua forte identidade e sua história.
Nós, brasileiros, costumamos dizer que nosso país é um lugar formado por muitos países e isso é verdadeiro. Sim, é verdadeiro, mas não surpreende, afinal se trata de uma nação com dimensões continentais e que nasceu e se desenvolveu com muitas e diferentes influências de todo o mundo. Já a Itália é um país pequeno, praticamente do tamanho do Estado de São Paulo, mas com diferenças regionais impressionantes, acompanhadas de incrível diversidade natural. Essas diferenças todas em um país tão pequeno surpreende.
Soma-se a isso a riqueza de sua história que praticamente se confunde com a da civilização ocidental e da Cristandade. A fé cristã nasceu na Terra Santa, mas foi a partir da antiga Roma, hoje capital da Itália, que se difundiu aos quatro cantos do mundo e é ainda em Roma que tem seu epicentro.
Nesta estada na Itália, visitarei o sul do país, lugar que já conheço razoavelmente bem. Em sendo assim, concentrarei atenção nas cidades, curiosidades e paisagens da ponta da “bota”. Já em outubro, visitarei cidades do centro e do norte, delas discorrendo neste espaço. Neste primeiro texto, porém, algumas linhas gerais sobre o país.
Embora comum e correto associar a Itália com o antigo Império Romano e imaginar a existência de uma cultura itálica bastante antiga, o país tem em verdade apenas pouco mais do que 150 anos. Isso mesmo! Oficialmente, é mais novo que o Brasil.
Explicação: a unificação da Itália, traumática, aliás, ocorreu pouco tempo atrás. Havia uma espécie de identidade geral italiana, mas não um Estado-nação unificado. A área ocupada pela Itália abrigava reinos, ducados, repúblicas e as terras da Igreja, cujo epicentro era, é e sempre será Roma.
A unificação fez com que os piemonteses assumissem a primazia política e formassem o Reino da Itália, tendo como protagonista a Casa Real de Savoia, a Casa Azzurra (uma curiosidade, a Itália usa o azul como espécie de quarta cor oficial porque era a cor da sua monarquia).
Com o desastre da Segunda Guerra Mundial e o sofrimento da inglória experiência fascistas, uma terrível manipulação política se instaurou no país e a república tomou lugar da monarquia.
O país faz parte do grupo dos sete países mais ricos do mundo e se destaca em muitos segmentos industriais, como o automotivo. Algumas das marcas mais importantes do mundo, de luxo ou populares, têm o selo italiano de qualidade: Ferrari, Masserati, Lambourghini, Alfa Romeo, Lancia, FIAT, etc.
O país se destaca muito também na produção de tratores e maquinários em geral. Outra coisa forte é o designer, marca registrada da Itália e quase uma obsessão nacional, como as artes em geral, a gosto estético, a moda e a gastronomia.
Aliás, a gastronomia italiana é um caso à parte, já que provavelmente é a mais popular e querida de todo o mundo, simples e deliciosa. Os produtos agropecuários italianos são esplendorosos e encantam visitantes de todo o mundo. Como a Itália possui muitas belezas natural e diversidade incomum, é claro que o turismo é poderoso e fonte quase inesgotável de receitas.
Somam-se a beleza natural, uma arquitetura de tirar o fôlego, obras de arte literalmente em cada canto do país e um arsenal de atrativos como em nenhum outro lugar do mundo. A Itália, importante dizer, abriga mais de 70% do patrimônio histórico-cultural do mundo.
Infelizmente, premido pelo espaço, não posso me alongar mais nesta modesta apresentação, mas logo voltarei e comentarei sobre a Sicília, a Calábria, a Púglia e, claro, a minha amada Roma, eterna caput mundi.
