Conexão Japão: O antagonismo do século

Inicia-se uma nova guerra fria, continuação da “guerra perpétua”, em meio à pandemia

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  31/07/20  -  23:24

No final do século 20, a guerra fria entre os Estados Unidos e a Rússia causou diversos conflitos regionais, a exemplo da guerra da Coreia, do Vietnã, do Afeganistão e outros, consequência de influências e ideologias antagonistas. No século 21, China desenha à força suas fronteiras, sem base legal. Inicia-se uma nova guerra fria, continuação da “guerra perpétua”, em meio à pandemia. 


No último dia 4 de julho, uma frota incluindo dois porta-aviões, o USS Theodore Roosevelt e o USS Nimitz, e quatro navios de guerra dos Estados Unidos chegou ao Mar do Sul da China, para treinamentos com os aliados Tóquio e Camberra. Do Porto de Yokosuka, outro porta-aviões, o USS Ronald Reagan, e seu grupo de combate foram encaminhados para o Mar das Filipinas. 


Na última quarta-feira, a rede de tevê estatal da China divulgou que sua marinha praticou treinamentos de disparos com munição real, disparados por aeronaves. Na última sexta-feira, dia 24, Pequim ordenou o fechamento e a invasão do consulado americano em Chegdu, na provincia de Sichuan, em retaliação ao fechamento de sua missão diplomática chinesa em Houston, após suspeitas de espionagem.


O projeto de um cinturão de logística para abastecer o país e escoar a produção de sua indústria é o motivo pelo qual o partido comunista não hesita em desrespeitar os vizinhos. Além do comércio entre os dois parceiros comerciais, essas questões seriam abordadas na visita do líder chinês Xi Jinping à Tóquio, inicialmente em março, mas cancelada devido à pandemia. A nova data ainda não foi decidida. Segundo a mídia japonesa, mais de 62% dos japoneses são contra o encontro de Xi com Shinzo Abe este ano.


A China tem violado a soberania das Filipinas em sua zona econômica exclusiva, tomando controle do mar territorial, causando danos aos ecossistemas de corais do Mar do Leste das Filipinas, como também é chamado o Mar do Sul da China, rota de navios comerciais que possivelmente guarda jazidas de petróleo e gás natural. Porém a disputa não é apenas política. Estruturas de suporte e logística militar foram construídas à revelia nas Ilhas Spratly (Nansha), pelo exército de liberação do povo (chinês). Em situação semelhante, está o atol Scarborough e o arquipélago Paracel (Xisha).


Ao sul, em Hong Kong – já na terceira onda de coronavírus e oficialmente parte da China desde 1997 –  são realizadas, há mais de um ano, no centro da cidade, manifestações contra a reunificação total, em 2047. No dia 30 de junho, o governo chinês aprovou uma lei de segurança nacional que dá direito à polícia de deter qualquer cidadão que for contra a soberania da China neste território especial. 


No início de junho, em Ladahk, fronteira entre China e Índia nos Himalaias, uma escaramuça entre os dois exércitos terminou com 40 soldados indianos mortos. As baixas do lado chinês não foram divulgadas. Os dois países detém armas nucleares, porém, segundo reportagens da mídia internacional, catapultas e rochas foram usadas no confronto. Após a retirada, ambos exércitos se apressam para construir estrutura nas proximidades.


Na Ásia Central, os tibetanos que fugiram ao Nepal lembram amargamente do ano de 1959, quando o país vizinho terminou de anexar seu enorme território. Inspirados pelos protestos de Hong Kong, o movimento pelo “Free Tibet” ganhou força na internet e a simpatia do Ocidente. Porém, o controle do governo chinês impede que seus cidadãos se atualizem livremente e encobre a verdade, distorcendo a motivação de qualquer evento antiimperialista.


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