Apoiadores de líder xiita pedem saída dos Estados Unidos do Iraque

Milhares de simpatizantes de Muqtada al-Sadr protestaram em Bagdá para pedir a expulsão das tropas americanas do país, onde sentimento antiamericano vem aumentando nas últimas semanas

Por: Da Agência Estado  -  25/01/20  -  10:24
Atualizado em 25/01/20 - 10:36
Expulsão dos soldados depende agora da assinatura do primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi
Expulsão dos soldados depende agora da assinatura do primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi   Foto: MARTIN BUREAU/AFP

Milhares de simpatizantes do líder xiita Muqtada al-Sadr protestaram sexta-feira (24) em Bagdá para pedir a expulsão das tropas americanas do Iraque, onde o sentimento antiamericano vem aumentando nas últimas semanas. Após Sadr convocar "uma manifestação pacífica de um milhão de pessoas contra a presença americana", postos de controle foram estabelecidos para garantir a segurança da marcha.


Desde as primeiras horas de sexta-feira, um dia de oração no mundo muçulmano, milhares de fiéis se reuniram no bairro de Khadriya aos gritos de "Fora ocupante" e "Sim à soberania". Em comunicado lido por um porta-voz, Sadr pediu a retirada das forças americanas, a anulação dos acordos de segurança entre Bagdá e Washington e o fechamento do espaço aéreo iraquiano aos aviões militares americanos.


O líder xiita também pediu ao presidente americano, Donald Trump, que não seja "arrogante". Várias facções paramilitares iraquianas, como as milícias pró-Irã Hashd al-Shaabi, geralmente rivais de Sadr, apoiaram a manifestação.


Ao mesmo tempo, o movimento de protesto contra o governo iraquiano, iniciado em 1º de outubro, foi retomado nos últimos dias. Os atos haviam perdido fôlego diante do ressurgimento das tensões entre Teerã e Washington, após o assassinato do general iraniano Qassim Suleimani, no dia 3, ordenado por Trump.


O episódio reavivou o sentimento "antiamericano". Dois dias depois, o Parlamento iraquiano votou a favor da expulsão das tropas estrangeiras, incluindo os 5,2 mil militares americanos enviados para ajudar os iraquianos na luta contra o extremismo islâmico.


As operações da coalizão internacional contra os jihadistas, liderada pelos EUA, foram suspensas após a morte de Suleimani, e as discussões com Bagdá sobre o futuro das tropas americanas ainda não começaram, segundo o coordenador americano da coalizão, James Jeffrey.


Nos últimos dias, milhares de apoiadores de Sadr chegaram a Bagdá de ônibus, procedentes de todo o Iraque. O bairro de Khadriya está localizado em frente à Zona Verde, na outra margem do Rio Tigre. Nesta área de segurança máxima estão localizadas as embaixadas, incluindo a dos EUA, e a sede do governo iraquiano.


Um opositor de longa data da presença americana no Iraque, Sadr reativou sua milícia, o Exército Mehdi, após a morte do general Suleimani. Este grupo lutou contra os soldados americanos durante a ocupação do Iraque, entre 2003 e 2011. Autoproclamado "reformista" depois de apoiar o movimento de contestação, ele também lidera o maior bloco parlamentar e vários de seus aliados ocupam posições ministeriais.


Esta semana, 12 manifestantes morreram em confrontos com as forças de segurança, somando 480 mortos desde o início dos protestos contra o governo, no ano passado. Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, renunciou No entanto, ele ainda continua no cargo, já que os partidos políticos não chegaram a um acordo para designar seu sucessor. (Com agências internacionais)


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