Programação Funcional: um diferencial para alavancar carreira em TI

Paradigma já é tendência no mercado e adotado por gigantes do setor; bases dessas mudanças tecnológicas começam a influenciar linguagens consolidadas

Por: Eduardo Brandão  -  04/06/20  -  21:25
Linguagem funcional já é tendência no mercado de trabalho
Linguagem funcional já é tendência no mercado de trabalho   Foto: Divulgação

Num ambiente em que as mudanças são cada vez mais constantes, manter-se antenado nas novas e boas práticas é o diferencial para o sucesso na carreira. E uma revolução promete ser a nova fronteira para os profissionais de Tecnologia da Informação (TI): a linguagem funcional.


A forma mais enxuta (embora complexa) de programar aplicações e funções nos ambientes digitais podem dinamizar a capacidade de processamento dos computadores e ser o seu passaporte para fazer parte dos times das gigantes da inovação.


Apesar de as bases teóricas existirem desde o começo do século 20, com o desenvolvimento do cálculo lambda – um jeito formal de "descrever o comportamento de funções matemáticas", o paradigma funcional começou a  ganhar força na década de 1980. A ocasião marca o desenvolvimento da linguagem de programação Haskell e de outras formas de escrever programas com princípios similares.


E, a partir dela, um leque de novas linguagens que usam os mesmos princípios surgiram. Com a popularização de segmentos da computação como inteligência artificial (IA), computação paralela e distribuída, esse paradigma passou a conquistar espaço no mercado de trabalho. 


Contudo, apenas nos últimos anos que essa abordagem ganhou um volume maior de adeptos. E tem se tornado a ‘queridinha’ dos programadores mais experientes após Facebook e Nubank admitirem terem migrando suas codificações para essa nova forma de escrever aplicações. Tanto que linguagens consolidadas, como Java – que completou 25 anos – passaram a adotar estruturas inspiradas a do Haskell e outras linguagens de programaçã funcional.  


O professor da Fatec Rubens Lara (Baixada Santista), Alexandre Garcia de Oliveira, explica que a programação funcional trata a computação como uma avaliação de funções matemáticas. É justamente essa dinâmica que possibilita escrever códigos mais curtos e robustos, exigindo menos recursos para testes das aplicações. 


Oliveira enfatiza que a aplicação de funções não é baseada em mudanças no estado do programa. Desta forma, seja em processamento em lote ou em cenários de streaming (em tempo real), a programação funcional é adequada para descrever transformações como funções puras. 


O especialista acrescenta que a programação funcional é adequada para computações matemáticas, inteligência artificial e processamento paralelo, segmentos que têm se tornado tendência no mercado por "acelerar" o processamento. Isso porque o código funcional é mais legível e gerenciável, facilitando a manutenção. 


“Em relação ao mundo, o Brasil ainda engatinha no uso de programação funcional. Porém, cada vez mais, startup (empresa emergente) brasileiras têm adotado esse paradigma”, diz ele, que é autor de um livro em língua portuguesa sobre Haskell – linguagem que é considerada a base para todas as outras que utilizam o paradigma funcional. 


Híbrido 


O professor da Fatec-RL acrescenta que as linguagens funcionais começam a ‘cavar’ espaço como uma das mais populares do mundo. O ranking da RedMonk – empresa norte-americana de análise em desenvolvedores de softwares – colocou a Haskell entre as 20 linguagens mais populares no planeta. “É um mercado em expansão desde 2014. Cada vez mais as empresas (no mundo) buscam profissionais com essa qualificação”, diz Oliveira. 


O interesse de profissionais com esse perfil se deve também ao uso de conceitos funcionais em linguagens de programação consolidadas. No ranking da RedMonk, o Python igualou a pontuação do Java na segunda posição, ficando atrás apenas do JavaScript.  


De acordo o analista da RedMonk, Stephen O’Grady, a popularização do Python é justificada pela facilidade de uso. “Isso se deve à adoção de conceitos que viram da linguagem funcional”. Considerada híbrida (ou seja, usa bases teóricas de diferentes formas de codificar um programa), essa linguagem é uma das mais usadas no mercado para modelar Inteligência Artificial.  


“A ideia básica é que o programa seja descrito por várias funções de modo a serem compostas entre si, e essas composições seguem as leis da matemáticas", continua Oliveira. Segundo ele, esse formato reduz o tempo de codificação de aplicações e custos com testes de softwares. Isso porque as chances de erros são reduzidas ao serem utilizados modelos matemáticos na produção dos códigos. “A propriedade da aplicação tem um poder maior de raciocínio”, garante. 


Ele aconselha aos estudantes e profissionais já experientes a se aprofundarem nos conceitos desse paradigma. “Isso vai abrir os horizontes do programador e o preparar quando houver uma escalada no mercado nacional”.  


Mas, para isso, ter uma pré-qualificação. “O programador que não gosta de matemática vai ter que rever conceitos, pois será uma exigência básica. E isso fará que as grades dos cursos de TI tenham disciplinas com forte peso na Matemática”, finaliza.


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