Empatia, ética, solidariedade, amizade, responsabilidade, colaboração, organização, cidadania, honestidade e respeito. Esses valores tão desejáveis nos relacionamentos humanos deverão ser ensinados, praticados ou pelo menos estimulados também nas escolas. É o que dizem as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que entrarão em vigor em 2020.
A partir do próximo ano, todas as escolas brasileiras terão de incluir as habilidades socioemocionais nos seus currículos. Ou seja, haverá a necessidade de adaptar os programas escolares e treinar os professores para que possam ministrar essas novas competências — que têm foco em habilidades não cognitivas, muito mais relacionadas ao comportamento e à administração das próprias emoções, mas que impactam positivamente o indivíduo e a relação dele com o mundo ao seu redor.
“A escola precisa se reinventar”, afirma o educador Daniel Castanho, presidente do Conselho de Administração e um dos fundadores da Ânima Educação, um dos maiores grupos do setor no País. “O ser humano precisa ser mais humano. É preciso desenvolver o espírito empreendedor nos jovens, para que trabalhem por uma causa. E é isso que precisamos ensinar às nossas crianças, a trabalharem por projetos que façam sentido para eles”.
A Educação Sociemocional foi tema do fórum A Região em Pauta promovido por A Tribuna na última segunda-feira. Segundo especialistas, aulas extracurriculares que desenvolvam a sensibilidade dos alunos serão um diferencial para o futuro dos jovens. “Arte, cultura e esporte desenvolvem a sensibilidade necessária para que o aluno consiga enxergar o que não está explícito e ler o que está nas entrelinhas. Temos que preparar as crianças de hoje para um futuro que desconhecemos completamente”, acredita o especialista.
Segundo ele, as escolas têm hoje o dever de contrapor a força das redes sociais. “Os algoritmos das redes sociais hoje só mostram o que você gosta. O mundo está criando muros entre as tribos. Muito mais importante que ser bilíngue, é ser multicultural, mas isso não significa só ter relações internacionais, e sim conhecer novas culturas, estar aberto para ideias completamente diferentes”, diz Castanho.
“É preciso que governos acreditem na educação integral e entendam que uma oficina de teatro, por exemplo, é tão importante quanto uma aula de matemática”, analisa a coordenadora de Políticas Educacionais da Secretaria de Educação de Santos, Cristina Opstal. “Muitas vezes, o único horizonte que o aluno tem é o que a escola vai oferecer. Nesse caso, a responsabilidade da escola pública é maior”, afirma.