Nas telonas, a missão de se adaptar à nova realidade

Salas fechadas, filmes adiados e incertezas

Por: Da Redação  -  02/08/20  -  17:01
Cena do filme De Perto, Ela Não É Normal: estreia adiada e dúvidas sobre formato da a ser adotado
Cena do filme De Perto, Ela Não É Normal: estreia adiada e dúvidas sobre formato da a ser adotado   Foto: Divulgação

Luz, câmera, indecisão. O cinema ainda procura entender qual é o “seu” conceito de novo normal. Seja nas telas ou nas poltronas das salas de exibição, o futuro é uma incógnita. Ou seja: muita coisa ainda pode acontecer. A Sétima Arte se depara com um filme cujo enredo ainda não foi finalizado.


O filme de Suzana Pires é um caso prático de um grande lançamento, capaz de lotar várias salas, que teve seu freio puxado sem dó. Orçado em R$ 7 milhões, De Perto, Ela Não é Normal não tem data, e nem forma, definida para estrear. “É um filme com elenco de muitas estrelas, uma comédia. Enfim, tudo o que envolve esse filme, até o seu lançamento, são estruturas grandes”, admite a atriz e roteirista.


Presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas no Estado de São Paulo, Paulo Lui estima que entre 120 e 140 filmes deixaram de ser lançados, entre   grandes lançamentos, filmes médios e aqueles mais de nicho. Em números, ele prefere não estimar o tamanho do prejuízo. “Como entidade, não temos como estimar, visto que faturamento, margens e resultados são particulares de cada empresa exibidora”.


Retomada fake


Suzana acredita que a flexibilização da quarentena em várias regiões do País, que pode em breve permitir a reabertura das salas de cinema, carece de autenticidade. “A retomada das coisas, pelo que estou vendo, é uma retomada fake. As pessoas correram pro shopping, mas agora ele continua às moscas. A gente está com medo de ir porque sabe que tem um vírus. É uma retomada no meio da pandemia. Não quero colocar o público em risco. Então, prefiro pensar em alternativas ao próprio cinema. Porque salas, como a gente estava vivenciando, vai demorar e só vai vir depois da vacina”, acredita.


Marcelo Serrado, colega de elenco de Suzana, destaca a força do filme, especialmente num contexto de pós-pandemia. “O filme tem toda a questão do feminismo, de uma maneira muito divertida, colocando a mulher como uma protagonista em todos os setores. O filme vai vir, quando tudo isso tudo passar, num momento muito importante”.


Desafios de fase


O novo normal também impõe novos desafios à forma de fazer filmes, seja no financiamento, seja na temática. Afinal, não vai dar para esquecer os tempos atuais tão facilmente. “Eu não sei como vai ficar a questão do orçamento para os próximos filmes que vão ser rodados. É fato que o streaming está sendo muito consumido, assim como a TV, então, a gente vai continuar produzindo – pelo menos criando. O desafio, agora, é como filmar. O mercado não estava pronto para essa realidade. Mas a gente já está se preparando para ela. Vamos ver como a gente vai continuar filmando e, com certeza, isso só em 2021”, diz ele.


E como escrever para o novo normal cinematográfico? Suzana Pires já tem alguma ideia sobre isso: “Estou escrevendo um longa nesse momento, e a recomendação da produtora a é para não fazer cenas com aglomeração. Pode até fazer cenas que tenham mais pessoas, mais do que três ou quatro. Mas é sempre melhor evitar confusão”. É a arte imitando a vida.


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