Mães têm sido fundamentais no ensino à distância na Baixada Santista

Com um sem diploma de docente, elas têm sido fundamentais na educação dos pequenos

Por: Da Redação  -  19/04/21  -  09:33
    Mães têm sido fundamentais na educação dos pequenos durante pandemia
Mães têm sido fundamentais na educação dos pequenos durante pandemia   Foto: Foto: Reprodução

“O amor de mãe não tem limites”. A frase da personagem Thelma, vivida por Adriana Esteves em Amor de Mãe, da TV Tribuna/Globo, encerrada na sexta-feira, tem vários significados, todos válidos. A dedicação aos filhos, presente desde os primeiros dias de vida dos seus rebentos, foi novamente desafiada durante a pandemia.


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Com ou sem diploma, se tornaram fundamentais na educação dos filhos no modo remoto. E este gesto de carinho vira exemplo, em meio às dificuldades, para tantras outras mães. A Tribuna traz seis delas, seis famílias, que contam suas batalhas. Ensinar sempre fez parte do “pacote” delas. Mas, agora, ganham contornos extras.


O que dizer da mãe que tem oito filhos, que mora na periferia de Praia Grande, sem computador ou internet em casa? Lucineia de Almeida tem seis deles em idade escolar, e não mede esforços para garantir que eles, em especial o pequeno Bryan, de 7 anos, possam estudar, mesmo longe da escola.


“Eles estudam na “folhinha”. Vou buscar, às vezes tem, às vezes não, porque não chegou a lição dele. Vou lá todos os dias para ver se chegou”, conta a dona de casa. Tudo para aplacar a saudade que o pequeno sente do ambiente escolar. “Ele fala: ‘Mãe, queria que voltasse as aulas, para voltar para a escola’. Ele gosta de estudar. Minha vida não é fácil, só o marido trabalhando”, narra.


Enquanto isso, um dos filhos da jornalista Daniela Rezende, que está no nono ano do Ensino Fundamental, teve a chance de atividades presenciais no início deste ano. “Ele teve a oportunidade de ir alguns dias para a escola, o que foi muito bom. Melhorou bastante o humor, o comportamento dele. Mas depois, com a piora da pandemia, as aulas voltaram a ser online”, conta,


A opção da professora Elaine Vidal, por sua vez, nunca incluiu a ida dos filhos às atividades presenciais. “Mesmo no ano passado, quando era permitido voltar à escola, optamos por eles não retornarem. Isso porque eu sou professora e sei que é impossível garantir distanciamento social nas escolas. Por maior que seja o esforço que se faça, não tem como impedir um aluno de abraçar, estar perto, tirar a máscara. Por isso, preferi não arriscar”, narra.


A também professora Alexandra Seixas partilha da mesma visão, sobre mandar o pequeno Pedro, de 7 anos e que apresenta Transtorno do Espectro Autista (TEA) às atividades presenciais. “Meu filho sente muita falta da escola e do contato com outras crianças. Por ser filho único, o ambiente escolar é de fundamental importância para seu desenvolvimento cognitivo e emocional. No entanto, ainda não é seguro mandá-lo à escola, mesmo na possibilidade de chegarmos à fase amarela”, frisa.


Casa que vira escola


Nas casas delas, e de muitas famílias, o ambiente familiar foi transformado, ganhando ares de escritório – ou sala de aula. “Tenho 44 anos e sou mãe de uma menina e de um menino de 11 anos. Os dois em aula online, eu e meu marido em home office, e a situação está enlouquecedora. No começo foi pior, mas ainda hoje a situação é, no mínimo, estressante.


Aqui, a luta é para ajudá-los a manter o foco na atenção. Além disso, ajudá-los a ter noção do conteúdo. Aprender de verdade”, descreve a consultora médica Franciny Oliveira.


Já a jornalista do Grupo Tribuna Tatiane Calixto, também confirma que o ensino remoto sempre foi sua opção para a filha. “Minha mãe, que é idosa, mora com a gente. Então, mesmo nos períodos que houve a possibilidade de atividades presenciais, a gente optou por ficar em casa”.


Motivação


E a motivação para estudar, mesmo longe da escola? O desafio imposto às famílias é citado pelas mães. “Depois de pouco mais de um ano de pandemia, a dificuldade aqui em casa, com relação a ensino, tem sido manter a motivação para as aulas. Ela conseguiu encarar muito bem alguns desafios iniciais em relação a acesso, a autonomia de estudo. Mas hoje, por conta desse longo período, o cansaço vem sendo uma batalha aqui em casa”, afirma Tatiane.


Alexandra, por sua vez, usa de algumas estratégias para segurar a atenção do filho. “Elogio seus progressos (pois ele é vaidoso) e faço intervalos de tempo programados, para fazer um lanche ou alguma atividade física como um alongamento”, explica.


Daniela resume a extensão do prejuízo educacional pelo tempo longe das salas de aula. “A casa inteira virou um escritório. Além de todas as dificuldades que a pandemia trouxe para todo mundo, as tristezas todas, nessa questão do ensino online, a gente vê um prejuízo grande no aprendizado dos alunos. Percebi muito isso no meu filho mais novo. Diminuíram a retenção de conteúdo, a atenção durante as aulas. E a questão da socialização, que eu acho que faz muita falta”. O amor de mãe dessas mulheres fortes, profissionais, únicas, é o que tem feito a diferença.


Internautas também falam


"Enfrentar a crise na educação depende de una vontade política de aglutinar as pessoas que fazem parte da educação em todos os níveis, para que as questões sejam discutidas e soluções em conjunto, encontradas" - Denise Beatriz Pires


"As escolas privadas não conseguiram nenhum benefício para aparelharem suas escolas para as aulas on-line... Descaso com a educação e com os educadores..."


Heloisa Helena Gomes


"Verdade. Os projetos educativos, na sua maioria, são fadados a não darem certo, porque os professores, aqueles que, de fato, estão em sala de aula, não são escutados. Não são chamados as discussões" - Angela Maria


"Meu filho tem 6 anos, e desde o ano passado era para ter ingressado no primeiro ano alfabetizado. O ano de 2020, foi estressante para ele com ensino remoto, e para mim que tive q acompanhar por ele não saber ler. Esse ano, retornou a mesma situação: ele, quando falo das aulas, chora. Está atingindo um estresse tão alto, querendo fugir da aula, que talvez já esteja no estágio de uma psicóloga. Ele a amava ir para escola, agora está se tornando o maior pesadelo. O que faço? Tenho ciência que, virtualmente, não tem bom aprendizado" - Karina Nascimento


"A escola física pública ainda é vista como um lugar assistencial e não de espaços de aprendizagem! Alimentação e receber os cuidados necessários à vida do aluno é mais importante para a comunidade, muitas vezes a parte cognitiva da aprendizagem e o desenvolvimento de outras habilidades ficam em segundo plano. A pandemia deixou um abismo claro entre o público e o privado, ainda maior pela situação de ausência de tecnologia tanto na família do aluno qto dos educadores. Algumas estruturas de atendimento alternativas foram implantadas, mas infelizmente poucos alunos são atingidos. Precisamos ter um olhar atento na evasão escolar" - Andréa Piedade


"Vacinação em massa para nós, professores, de todas as idades. Estamos vivendo o pior momento, como só vacinar professores com idade de 47 anos? Não adianta querer fazer testes nos professores hoje e daqui a três dias estar contaminado. Pensem nas crianças" - Regina Canada


"Há algum tempo o tripé escola, família e comunidade está combalido" - Edmir Santos


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