Cultura, atividade mais do que essencial

Pandemia do novo coronavírus mostra, de forma clara, o quanto a arte permite superar os problemas, ou lidar melhor com eles

Por: Da Redação  -  02/08/20  -  16:05
Cena comum após a chegada da pandemia do coronavírus: teatro vazio, à espera da reabertura
Cena comum após a chegada da pandemia do coronavírus: teatro vazio, à espera da reabertura   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Se alguém ousou questionar a importância da atividade cultural na vida das pessoas, o período de quarentena comprovou com todas as letras – e músicas, filmes, performances – que ela é extremamente importante. Para qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. Pois o setor, um dos mais atingidos pela crise do novo coronavírus, busca alternativas para reafirmar sua relevância e sobreviver à tormenta.


Debater a Cultura foi o desafio proposto por mais uma edição do projeto A Região em Pauta, do Grupo Tribuna, cuja live aconteceu na última segunda-feira. Com mediação do editor-assistente da AT Revista, Stevens Standke, reuniu experiências e impressões de quem vive de perto o que é ser um artista no Brasil atual. Este caderno amplia o debate, trazendo novos personagens e visões sobre o peso da Cultura em nossas vidas. Vale lembrar que ela está disponível no endereço facebook.com/grupo.tribuna.


Da surpresa à reação


Cada um na sua praia, os artistas contam que tinham inúmeros planos. Afinal, um ano estava apenas “no começo” em termos culturais, logo após o Carnaval. Mas o coronavírus, de algo aparentemente distante, virou uma triste companhia dos brasileiros e uma ameaça real sob vários aspectos.


“Estamos num momento muito louco. Ninguém imaginava isso. A gente, que é da música, está sempre vendendo o almoço para comprar o jantar. Parece que, para quem é da Cultura, estabilidade não é uma palavra que a gente conhece”, define Gustavo Anitelli, produtor da banda O Teatro Mágico.


A atriz e roteirista Suzana Pires, por sua vez, precisou deixar de lado os planos de divulgação de seu novo filme, De Perto, Ela Não É Normal. A expectativa deu lugar à frustração, num primeiro momento. “Estava emocionalmente dedicada a isso. Quando você tem que adiar, precisa se desconstruir inteira. E, claro, tem que colocar o público na frente. O público merece segurança e a gente também. Então, adiamos a estreia”, conta.


Presente no filme de Suzana, de quem é amigo de longa data, o ator Marcelo Serrado também foi pego “no susto” pela atmosfera atual. “É uma coisa muito estranha, porque o teatro tem essa coisa do tocar, do abraçar a camareira, cumprimentar as pessoas. Teatro é assim. Parece, agora, que está todo mundo meio cabreiro – e está mesmo”, define.


Saudade e uma constatação


O cantor e compositor Supla, por sua vez, lembra que a ausência de público faz ressaltar uma outra saudade: a do contato com as pessoas.


“Acho que todo mundo prefere, aquela cosia de dar um abraço. Faz a gente lembrar de como é importante ‘tirar a bunda’ da cadeira e ir ao teatro, a um show, prestigiar os artistas. Porque muitos precisam desse apoio”, explica.


Anitelli, do Teatro Mágico, vai na mesma linha, destacando o peso da Cultura, especialmente no atual momento.


“Por mais que Cultura seja o primeiro setor que tome uma “porradona” do ponto de vista econômico, é o setor de que a gente sente mais falta, mais necessidade”. Como dizem os Titãs na música Comida, “A gente quer comida, diversão e arte”.


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