O Santos fechou o 1º semestre de 2020 com um prejuízo de R$ 41.679.474,53. Grande parte dos gastos está relacionado ao futebol profissional e categoria de base, que estouram o limite orçamentário. Além disso, o clube acumula dívidas com fornecedores e, principalmente, com entidades financeiras, por empréstimos e financiamentos. Com isso, em dois anos e meio sob o comando do presidente José Carlos Peres, o clube chega aos R$ 95.563.844,00 negativos.
Os dados constam no balancete apresentado pelo Conselho Fiscal do Peixe ao Conselho Deliberativo. O Santos ainda teve gastos de R$ 1.492.800,00 com intermediários para as contratações de Jesualdo, Madson e Raniel.
Também foram fechados seis acordos na Justiça para o pagamento de R$ 2,1 milhões. Entre outros custos, como aumento da folha salarial e R$ 19 milhões em impostos – tudo nos últimos seis meses.
De acordo com o Conselho Fiscal, a pandemia do coronavírus agravou a situação de fluxo de caixa. O documento, porém, destaca que os números apresentados não justificam a atual realidade. Vale destacar que a previsão orçamentária previa um prejuízo de R$ 2,2 milhões – chegou a mais de R$ 41 milhões, uma diferença de R$ 39 milhões.
“A única razão (para o prejuízo) é a falta de vontade com a qual a administração do clube vê a execução orçamentária no rigor de seus números, e ainda falha em comunicar ao Conselheiros e Associados a real situação do clube e quais medidas foram e serão tomadas para proteger nosso clube dos recentes acontecimentos”, destacam os conselheiros no parecer.
O grupo reforça que “nenhuma causa externa pode ser utilizada como ‘muleta’ para a atual situação do clube”.
“A incapacidade administrativa e a má vontade para com as coisas do clube levam ao descontrole, a diferença entre o que se pensava arrecadar e o que gastamos ainda é abismal, independente do que arrecadamos ou arrecadaríamos se não fosse a pandemia, o resultado sempre será o de uma conta que ainda não fecha, mesmo no terceiro ano de mandato da administração”.
Braços atados
Em meio à conclusão do balancete, os conselheiros demonstram impotência quanto aos resultados de suas fiscalizações e recomendações.
“É imperioso que a Administração apresente ao Conselho Deliberativo, de forma imediata, suas ações futuras quanto a compromissos financeiros assumidos ou em atraso e cabe à presidência do Conselho Deliberativo, como representante de um órgão superior, exigir isso”, consta em trecho do documento.
Justificativa da gestão
Sobre o prejuízo de R$ 41,6 milhões, a gestão do clube apontou aos membros do Conselho Fiscal que “as receitas realizadas foram praticamente as orçadas” e que o problema ocorre com um “gasto exagerado nos custos do departamento de futebol profissional”.
Ainda foi destacado os gastos com o meia peruano Cueva, como um dos fatores para os números negativos. “A baixa variação entre o Orçado e o Realizado ocorreu devido a inclusão de uma hipotética ‘Receita com Clausula Indenizatória’ no valor de R$ 29.444.800,00, referente ao contrato do atleta Christian Alberto Cueva Bravo, a qual não obtivemos informação sobre a base legal para o lançamento, principalmente no tocante a apuração do valor declarado”.