Recentemente, o vídeo do torcedor do Santos, Casis Urnikes Neto, de 22 anos, portador de síndrome de Down, regendo a bateria da Torcida Jovem, na Vila Belmiro, viralizou na internet. O momento, registrado na vitória do Peixe sobre o Bahia por 1 a 0, no dia 31 passado, além de divertido para quem assistiu foi inesquecível para Casis, que realizou o sonho de ficar no meio da organizada.
Sócio torcedor e frequentador assíduo das partidas do Santos no Alçapão Alvinegro, Casis só não esteve no estádio em três ocasiões neste ano - contra Fluminense e Internacional, em maio, por motivo de viagem da família, e diante do CSA, em setembro.
Porém, em todas as oportunidades ele e a mãe, Ligia de Fátima Costa Urnikes, assistiram aos compromissos do Peixe na arquibancada lateral, de onde Casis já tentava reger a bateria.
Ainda de acordo com Ligia, o filho sempre pede para sentar junto com a organizada e assim cantar as músicas de incentivo ao time.
"Ele consulta a internet e toda vez que tem partida do Santos me pergunta: 'O Santos vai jogar na Vila. Você já conseguiu ingressos?'", revela.
"Sempre comprei na arquibancada lateral para ele ver melhor a partida. Mas se dependesse dele só assistiríamos atrás do gol, porque ele quer estar no meio da bagunça", conta.
Apaixonado pelo Santos desde os 5 anos de idade, Casis não tem dúvidas quando questionado sobre o que significa a Vila Belmiro para ele.
"É o lugar que mais gosto no mundo. Ainda mais com a Torcida Jovem. No próximo jogo (contra o São Paulo, neste sábado, às 17 horas) quero assistir de lá", afirma o jovem.
Ídolos
Casis é fã de Robinho e Neymar e já se encontrou com os dois. De Neymar, inclusive, ganhou uma camisa. Atualmente, no entanto, Soteldo, Gustavo Henrique e Jorge Sampaoli são os seus grandes ídolos.
"O Soteldo é bom, porque pedala, corre muito, faz gols e veste a camisa 10. O Sampaoli xinga, briga com o juiz e reclama dos jogadores quando eles erram. E o Gustavo Henrique também é bom. Ele me deu a faixa de capitão, que uso em casa".
Assim como Gustavo Henrique, Casis também gosta de atuar como zagueiro no projeto UP/Santos, que tem equipes de futebol e futsal para portadores de deficiência intelectual. A presença nas quatro linhas, contudo, só ocorreu depois de muita insistência da mãe.
"Antes ele só queria saber de ser técnico. Ficava na beira do campo incentivando os meninos e dizia que era o treinador do time. Os professores até fizeram uma camisa para ele como membro da comissão técnica", diz Ligia.
Apesar do grande amor que tem pela equipe da Vila Belmiro, Casis é um torcedor consciente. Nos dias em que o Santos não vai bem e acaba derrotado, ele até fica chateado. Entretanto, faz questão de cantar músicas de exaltação ao time e repetir: “Vão ter outros jogos. Aí a gente melhora e ganha”.
“O humor só muda um pouco mais quando o clube perde para o Corinthians", comenta a mãe.
Paixão herdada do pai
A paixão pelo time da Vila Belmiro é um sentimento que ele herdou do pai, Casis Urnikes Júnior, de 58 anos, que hoje já não sofre muito pelo Peixe e não costuma acompanhar o filho e a mulher nos jogos do clube.
Mas, em 2005, ele fez questão de levá-los para assistir a despedida do atacante Robinho. "A partir daquele dia o Casis nos avisou: 'Quero vir em todos os jogos'. E assim tem sido", lembra Ligia.
Cursos e fama
Além de frequentar a Vila Belmiro e atuar como zagueiro do projeto UP/Santos, Casis ocupa seus dias com aulas de teatro, computação básica, cursos de recepção e eventos. Nas horas vagas das últimas semanas, ele desfruta do sucesso.
"Estou feliz, porque agora sou famoso. Conheci os jogadores do Santos no CT e todos eles sabiam o meu nome. Foi muito legal" encerra o torcedor símbolo.