Promotoria investiga crime de estelionato no Santos

Um dos casos envolve a indenização por ida de Neymar para o Paris Saint Germain

Por: Bruno Lima  -  13/03/20  -  23:42
Neymar trocou o Barcelona pelo PSG em agosto de 2017
Neymar trocou o Barcelona pelo PSG em agosto de 2017   Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

A gestão do ex-presidente do Santos Modesto Roma Junior está sendo investigada na esfera criminal. De acordo com o apurado por ATribuna.com.br, a Promotoria Criminal da Comarca de Santos analisa se o ex-mandatário alvinegro praticou o crime de estelionato enquanto esteve na administração do clube.


Entre os assuntos apurados em segredo de Justiça pela promotora Sheila Xavier Mendes está a contratação da Quantum, empresa de Malta, para intermediar o pagamento do Mecanismo de Solidariedade – dispositivo da Fifa que obriga os clubes compradores a repassarem um percentual da negociação à agremiação formadora – na transferência do atacante Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain.


Nesse episódio, o crime de estelionato teria sido cometido por meio de uma simulação contratual, que obriga o Santos a pagar mais de R$ 2.238.224,95 à empresa de Malta, que repassou os créditos a receber para a FK Sports, com sede em Santana de Parnaíba.


Em março do ano passado, ao apresentar o relatório de defesa, a atual diretoria do Santos alegou que o serviço nunca foi prestado. Portanto, não haveria necessidade do pagamento. 


Neymar deixou o Barcelona em agosto de 2017 após o PSG depositar a multa rescisória no valor de 222 milhões de euros (R$ 821 milhões). O Mecanismo de Solidariedade fez entrar cerca de R$ 34 milhões nas contas alvinegras. O dinheiro cobrado pela empresa é referente a 5% do que o Santos recebeu pela transferência do brasileiro. 


O processo entre  Santos e Quantum está em andamento na Justiça e mantém uma das contas bancárias do clube bloqueadas. 

Gaeco


Ainda de acordo com as informações obtidas pela Reportagem, no mês passado a Promotoria Criminal encaminhou o caso para o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

Após estudar a denúncia, o Gaeco devolveu o caso para a Promotoria Criminal por entender que não se trata de um crime de suas atribuições.


Assim, se a promotora responsável pela investigação entender que Modesto Roma cometeu crime, ela vai oferecer denúncia para a Justiça, sendo o caso distribuído para uma das varas criminais de Santos. 


Daí em diante, o juiz designado, caso receba a denúncia, mandará citar o expresidente do Peixe, que terá oportunidade de se defender. Posteriormente, o magistrado julgará o caso.


A investigação pode respingar em outras pessoas ligadas à administração do Santos no triênio 2015-2017.


No ano passado, o Conselho Deliberativo aprovou a expulsão de Modesto do quadro associativo do clube. 


O crime de estelionato prevê pena de 1 a 5 anos no regime fechado.


Procurado, Modesto disse que não tem conhecimento da investigação, mas garantiu não ter qualquer preocupação. 


"Acho que podem investigar à vontade. Não me causa qualquer preocupação", disse o ex-presidente. 


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