Pais de Ângelo revelam que garoto superou a saudade e bateu o pé para jogar no Santos

O jovem atacante de 16 anos fez a sua estreia como titular diante do Bahia e chamou a atenção da torcida; conheça a história da mais nova 'joia' da Vila Belmiro

Por: Bruno Lima  -  27/02/21  -  10:00
Atualizado em 11/07/23 - 16:24
Elismar Oliveira e Idene Dias exibem a camisa usada por Ângelo na estreia pelos profissionais
Elismar Oliveira e Idene Dias exibem a camisa usada por Ângelo na estreia pelos profissionais   Foto: Matheus Tagé/AT

Apesar da derrota por 2 a 0 para o Bahia, em Salvador, a despedida do Santos do Campeonato Brasileiro, na quinta-feira, teve m ponto positivo: a estreia como titular do atacante Ângelo, de apenas 16 anos. Rápido e habilidoso, o garoto de Samambaia do Norte, região administrativa do Distrito Federal, chamou a atenção dos torcedores, que já sonham com o surgimento de mais um craque criado na base do clube.


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Filho do pecuarista Elismar de Oliveira, de 41 anos, e da administradora Idene Dias Damaceno de Oliveira, de 43, Ângelo chegou à Vila Belmiro em 2015, aos 10 anos. Antes, porém, o garoto já havia despertado interesse de outros clubes.


"Com 9 anos ele já tinha sido aprovado nos testes do São Paulo e do Grêmio, que haviam sido feitos em Brasília mesmo. Mas o Ângelo era muito novo e optei por esperar mais um pouco", conta Oliveira.


A espera durou apenas um ano. Com 10 anos, ele passou a jogar numa escolinha de futebol do Santos, em Brasília. Por conta da distância de Samambaia do Norte, os pais não conseguiam levar o garoto para todos os treinamentos. Mas nem era preciso. Quando comparecia, Ângelo se destacava.


Ângelo se destaca pela habilidade desde a escolinha do Santos, em Brasília
Ângelo se destaca pela habilidade desde a escolinha do Santos, em Brasília   Foto: Arquivo Pessoal/Família

E se destacou tanto que o professor da escolinha resolveu conversar com Oliveira e Idene sobre uma peneira que seria feita pelo Peixe em Santos.


"Um dia o professor me ligou e falou que ia ter uma semana de testes no Santos e queria que o Ângelo participasse. À época, o meu marido viajava bastante por conta do trabalho e coincidiu de a peneira ocorrer justamente em um período em que ele não estava em casa. Eu não podia largar o meu emprego para acompanhar o meu filho. Tudo apontava para ele não vir. O Ângelo só viajou porque o Yan, que hoje está no sub-17, também veio de Brasília com o pai para o teste. Assinamos uma autorização para que ele trouxesse o meu filho", relembra Idene, que mandou também o filho mais velho, Carlos Eduardo, na ocasião com 17 anos, para mantê-la informada de tudo.


Em Santos, Ângelo não precisou da semana inteira para passar nos testes.

"Depois do terceiro dia de testes, o professor da escolinha telefonou e perguntou se eu estava pronta para me mudar para Santos. Não acreditei. O professor não veio para acompanhá-los, mas já tinha sido avisado pelos avaliadores que meu filho estava se destacando", diz a administradora.


Choro do garoto


Convencido do talento do menino, o Santos entrou em contato com os pais e avisou que queria contar com o menino imediatamente para a disputa do Campeonato Paulista Sub-11. Oliveira ficou feliz com o convite, mas, antes de autorizar, veio à Baixada Santista entender como tudo funcionaria.


Ângelo tem a cabeça voltada para a bola desde os 2 anos
Ângelo tem a cabeça voltada para a bola desde os 2 anos   Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/SantosFC

Ao chegar em Santos, conversou com os diretores das categorias de base do Peixe que confirmaram o interesse, mas fizeram uma ressalva: por conta da idade (apenas 10 anos) o Santos não poderia alojá-lo no clube.


"A única solução era deixar o Ângelo numa pensão. Mas assim eu não concordava. Além disso, não podíamos largar as nossas vidas em Brasília por algo que não sabíamos se ia dar certo. Agradeci ao clube, mas disse não. Quando conversei com o meu filho, ele chorou muito. Implorou para deixá-lo ficar, porque esse era o sonho dele. Foi então que soube da aprovação do Yan. Procurei o pai dele, que havia decidido se mudar para Santos. Combinamos de dividir o aluguel de um apartamento por um ano com o pai do Yan tomando conta dos dois meninos", recorda Oliveira.


Lembranças e sonhos


A partir daí, Ângelo começou a brilhar nas categorias de base do Santos. Para deixar a família mais tranquila, a avó do garoto, mãe de Idene, se aposentou em 2016 e decidiu vir à Baixada Santista para ficar com o neto. Em janeiro do ano passado, Oliveira e Idene organizaram as suas vidas em Brasília e, junto com o filho caçula Julio Cesar, atualmente com 11, também se mudaram para Santos.


No clube desde os 10 anos, Ângelo é uma joia santista
No clube desde os 10 anos, Ângelo é uma joia santista   Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Desde então os pais já viveram momentos mágicos ao lado do filho, como a assinatura do primeiro contrato profissional no dia do seu aniversário (com validade até 2023) e convocações para as seleções brasileira de base.


A lembrança mais inesquecível para ambos, no entanto, foi com a camisa santista, e ela ocorreu em 23 de outubro de 2020.


"Não consigo descrever o que senti quando vi ele estreando no time profissional do Santos contra o Fluminense, no Maracanã. A sensação era de que o coração ia sair pela boca", revela o pecuarista.


A estreia de Ângelo no profissional ocorreu contra o Fluminense, no Maracanã
A estreia de Ângelo no profissional ocorreu contra o Fluminense, no Maracanã   Foto: Ivan Storti/SantosFC

"A estreia no Maracanã e a conquista do Sul-Americano Sub-15, em 2019, no Paraguai, com a seleção brasileira, foram muito marcantes", fala Idene.


Determinação


E não são apenas os pais que estão em um momento de alegria. Segundo eles, Ângelo sempre faz questão de manifestar a felicidade que está sentindo.

"Ele que pediu para estar aqui, chorou diante da possibilidade de não poder ficar. E, apesar de falar que está realizando um sonho, sempre diz que quer mais, que ainda não conquistou nada e quer aprender muito para levar o clube às maiores conquistas do mundo", comenta a administradora.


Orgulhoso, Oliveira torce para que o garoto consiga tudo isso. Porém, vai um pouco além: “Qual pai não sonha em ver o filho jogando pela Seleção Brasileira? Nenhum! E como sonhar é de graça, eu sonho mesmo”, finaliza ele.


Ângelo ajudou o Brasil a conquistar o Sul-Americano Sub-15, em 2019
Ângelo ajudou o Brasil a conquistar o Sul-Americano Sub-15, em 2019   Foto: Thais Magalhães/CBF

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