Empresário de Marcos Leonardo revela bastidores da renovação com o Santos
Atacante assinou um novo vínculo com o clube até o final de 2026
A novela envolvendo o futuro do atacante Marcos Leonardo, de 18 anos, terminou no último dia 15. O jogador assinou um novo vínculo até o final de 2026 e é uma das esperanças de gols da torcida para 2022. Responsável por gerenciar a carreira do jogador, o empresário Fernando Brito conta que o atleta sempre quis permanecer na Vila Belmiro e ressalta que para realizar essa vontade o jovem optou por abrir mão de muito dinheiro oferecido por clubes do Brasil e da Inglaterra.
O novo contrato de Marcos Leonardo com o Santos, segundo o agente, tem multa rescisória de 60 milhões de euros (R$ 368 milhões na cotação atual) e gatilhos de aumentos salariais anuais de acordo com metas atingidas (número de gols marcados e convocações para as seleções principal e de base).
Além disso, o atacante recebeu um percentual - não revelado - dos seus direitos econômicos.
Brito explica que o impasse da multa rescisória para a renovação foi facilmente resolvido a partir do momento em que o Santos concordou em dar um "projeto" e passar confiança para o atacante. Durante um período, as negociações ficaram travadas porque a cúpula alvinegra queria um valor fixo na multa rescisória, enquanto o estafe do jogador exigia uma multa escalonada, que cresceria conforme o atleta recebesse minutos em campo.
"A multa gerou muita polêmica, mas eu não queria uma multa baixa para tirar o jogador do Santos. Se quisesse fazer isso, esperaria mais três meses e faria sem conversar com o clube. Analisando toda a situação, eu quis criar um mecanismo para ter a garantia de que ele ia jogar e que o Santos valorizaria o atleta. O problema é que tínhamos uma desconfiança em relação ao Santos, que parecia querer a renovação apenas para dar uma resposta após a saída do Kaio Jorge para a Juventus, e o Santos tinha a desconfiança conosco por causa de situações passadas com o próprio Kaio Jorge, Yuri Alberto e outros", fala Brito.
Questionado se algum clube interessado no Menino da Vila, diante do imbróglio, formalizou proposta para tê-lo a partir de outubro, Brito conta que de forma oficial não. Porém, teve conversas com dirigentes que se comprometeram a pagar um bom dinheiro e assim tirar o Santos do caminho.
"Tivemos muitas sondagens do Brasil, da Premier League (Campeonato Inglês), Major League Soccer (MLS, liga dos Estados Unidos) e do Leste Europeu. Principalmente depois da entrevista que o Edu Dracena concedeu para A Tribuna afirmando que, se não renovássemos, não descartaria afastá-lo. Ali a procura aumentou muito, porque os clubes acharam que a relação estava estremecida. Muita gente quis colocar muito dinheiro na nossa mão para tirar o Santos da jogada", comenta.
"O Marcos abriu mão de muito dinheiro para ficar no Santos. Tinham clubes grandes dispostos a dar a independência financeira para um garoto de 18 anos em troca de um contrato de cinco temporadas. Mas não aceitamos, porque queremos que a carreira do Marcos tenha o DNA dele. Não o influenciamos para nenhuma decisão. A minha gestão de carreira não é feita para robotizar os jogadores. Queremos que o torcedor do Santos ouça o Marcos Leonardo pelo coração dele e não por aquilo que o estafe dele pauta. Com isso em mente, lhe passamos todas as possibilidades após o Campeonato Brasileiro e ele foi taxativo: 'Se o Santos acreditar no meu sonho, de ser um grande jogador aqui, não vou pensar duas vezes em renovar'. E foi o que aconteceu".
O projeto
Perguntado, então, sobre o que consta no projeto oferecido pelo Santos que destravou as negociações, Brito explica que basicamente ele se resume a uma demonstração de confiança no jogador.
"Esse projeto é mostrar que o Santos acredita no potencial do Marcos Leonardo. A verdade é que se o Edu (Dracena) não tivesse entrado nas negociações, dificilmente teríamos chegado a um acordo. Aliás, o Edu e o Carille. O clima no clube mudou com a chegada deles. O Carille, na minha visão, foi fundamental para chegarmos a um acordo, porque procurou o Marcos e falou o que queria dele em campo. Mais do que isso: afirmou que, se renovasse, contaria com o jogador. O Edu também chamou o Marcos para uma conversa particular. Antes não sentíamos essa preocupação. Era apenas o interesse em renovar para dar uma resposta para a torcida e evitar uma nova saída de graça".
Meses de negociações
A novela envolvendo o futuro de Marcos Leonardo se arrastou por longos meses. E, na opinião de Brito, todas as turbulências vividas pelo Santos na temporada passada dentro de campo contribuíram para a demora.
"A perda da Libertadores em janeiro, o risco de rebaixamento no Campeonato Paulista, depois a presença na zona de rebaixamento em parte do Campeonato Brasileiro foram muito prejudiciais. O Santos também não tinha cabeça para se debruçar sobre o assunto com o mundo caindo nas costas. A partir do momento que tudo isso terminou, com o Santos olhando para 2022, acertamos o assunto em duas reuniões. Em 2021 foram pelo menos seis reuniões presenciais, longas ligações, e mensagens no WhatsApp", fala o agente.
Sonhos
A partir de agora, com o novo vínculo assinado, Marcos Leonardo quer começar a colocar em prática um outro sonho.
"Ele sempre sonhou em ser campeão pelo Santos, artilheiro do Campeonato Brasileiro e de uma Libertadores. Depois disso, ser vendido para um grande clube europeu. Eu mesmo não queria que o Marcos fosse para a Europa para ficar encostado e aprendendo outro idioma", diz.
"Todos nós queremos que essa transferência para a Europa aconteça depois de ele se estabelecer no futebol brasileiro, para chegar lá respeitado. Queremos que a torcida do Santos fique brava, porque saiu uma convocação para a Seleção Brasileira e o Tite não chamou", acrescenta o empresário.
Com a cabeça voltada apenas para o campo, o garoto tem participado da pré-temporada no CT Rei Pelé e se preparando para a estreia da equipe no Campeonato Paulista, na próxima quarta-feira (26), às 19 horas, contra a Inter de Limeira, em Limeira.
