Emily Lima aponta descaso da CBF após delegação santista ter que dormir em saguão de hotel; vídeo
Técnica das Sereias da Vila fez desabafo por problemas de logística em relação ao voo e à falta de vaga em hotel que ficariam hospedadas em Manaus, onde enfrentam o Iranduba nesta quarta
Três dias após uma jogadora do Sport, time que foi goleado por 9 a 0 pelo Santos no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, ter feito um desabafo sobre o descaso do clube pernambucano com a categoria, a técnica alvinegra Emily Lima apontou outro problema que a modalidade enfrenta no Brasil, de logística, depois de situações vividas pelas Sereias da Vila.
Em suas redes sociais, a ex-treinadora da seleção brasileira feminina publicou um vídeo na madrugada desta terça-feira (16) mostrando a delegação santista dormindo em um saguão de hotel em Manaus, onde o Santos encara o Iranduba nesta quarta-feira (17), também pelo Brasileirão.
"Esta é a organização do nosso futebol para mulheres no Brasil. Saímos às três horas da tarde de Santos, e a senhora CBF e a senhora Pallas, que é a empresa que faz nossa logística de viagem, não tinham voo para amanhã, mandaram a gente em um voo hoje, picado, com escala em Brasília. E nós chegamos em Manaus e não tem vaga no hotel, então vamos ter que dormir na recepção", relatou a técnica.
Na gravação, é possível ver as jogadoras, visivelmente cansadas da longa viagem, tentando descansar em poltronas. Segundo Emily, a delegação só poderia dar entrada em um hotel às 12h (do horário local) desta terça-feira. O Santos joga às 21h (de Brasília) desta quarta, na Arena da Amazônia.
"Este é o respeito que as pessoas têm com o futebol feminino no Brasil. Ainda tenho que tomar cuidado com o que que eu falo porque 'a Emily cobra demais', 'a Emily é isso', 'a Emily é aquilo', mas esta é a realidade do futebol brasileiro para mulheres", completou a comandante.
Problema generalizado
Emily ainda aproveitou a ocasião para lembrar de outras equipes e atletas que sentem na pele as dificuldades de se viver da modalidade no país. A treinadora mencionou a ex-jogadora, agora técnica do sub-18 feminino da Ponte Preta, Jessica de Lima, que, recentemente, demonstrou em suas redes sociais que tem que lavar os uniformes de sua equipe para que as garotas possam jogar.
O time do Vitória também foi citado por mandar suas partidas a 60 km de Salvador, na cidade de Mata de São João, assim como o primeiro Campeonato Brasileiro sub-18 organizado pela CBF, que faz as equipes jogarem em dias alternados na primeira fase da disputa (seis jogos em 10 dias corridos).
"Não posso jogar a responsabilidade para cima dessas meninas. Tenho que tirar o chapéu para elas sempre, que estão sempre treinando, querendo, brigando", disse ainda Emily. "Parabéns a todos os envolvidos que organizam o futebol brasileiro. Quem são os responsáveis por tudo isso? Quem será? Deixo a pergunta", indagou.
Em nota, o Santos esclareceu que a responsabilidade pela logística na viagem das Sereias para Manaus fica por conta da empresa contratada diretamente pela CBF. O clube ainda lamentou o ocorrido e exigiu que esse tipo de problema não mais prejudique o desempenho físico e emocional das atletas nas competições. Confira a íntegra do comunicado:
O Santos FC esclarece que a equipe de futebol feminina do Santos FC enfrentou transtornos em relação à logística na viagem para Manaus que fica sob responsabilidade de uma empresa contratada diretamente pela CBF. Após desembarque no aeroporto na madrugada desta terça (16), o grupo se deslocou ao hotel e se deparou com erros na data da reserva, obrigando o grupo a se hospedar em outro estabelecimento. O Santos FC lamenta o ocorrido e exige que esse tipo de problema não mais prejudique o desempenho físico e emocional das atletas nas competições.
A CBF também se pronunciou sobre o caso. Leia a íntegra da nota emitida pela entidade:
A delegação do Santos desembarcou em Manaus às 23h10 desta segunda-feira (15) para o jogo contra o Iranduba pelo Brasileiro Feminino A-1, marcado para 20h desta quarta (17), na Arena da Amazônia. Assim que chegou ao hotel designado (0h05 de terça) foi informada que o check-in só poderia ser feito no início da manhã. Um agente de viagens local, parceiro da CBF, resolveu o problema e conseguiu outro hotel, para onde a equipe seguiu 50 minutos depois (0h55).
A CBF esclarece ainda que os 25 integrantes da delegação do Santos, que, seguindo o regulamento, têm as passagens pagas pela entidade, viajaram no mesmo voo para Manaus. O Santos emitiu passagens extras, pagas pelo clube, para pessoas que embarcaram em outro avião.
A organização do campeonato busca sempre as melhores condições para a viagem das equipes. Eventuais conexões e esperas em aeroportos devem-se às possibilidades da malha aérea do país.
Confira a íntegra do vídeo publicado pela técnica do time feminino do Santos:
