Veteranos do vôlei creem em pódio olímpico em Tóquio neste ano

Presentes em duas Olimpíadas, Negrelli, Telles e Jens projetaram o futuro da seleção brasileira nos Jogos

Por: Régis Querino & Da Redação &  -  17/02/20  -  10:31
Jens, Negrelli, Carlão e Telles: evolução do voleibol brasileiro começou nos anos de 1970
Jens, Negrelli, Carlão e Telles: evolução do voleibol brasileiro começou nos anos de 1970   Foto: Carlos Nogueira/AT

Se depender da confiança da velha guarda do voleibol olímpico brasileiro, o País pode contar com a modalidade para subir no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho próximo. Contemporâneos na era amadora do esporte, Sérgio Telles, Jens e Negrelli cravam o Brasil no pódio japonês. 


Representantes do Brasil nas Olimpíadas da Cidade do México, em 1968, e de Munique, na Alemanha, em 1972, eles, mais o também jogador Carlos Renato Martins Arruda, o Carlão, se reencontraram no último sábado (15), na inauguração da nova barraca de praia da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), no Boqueirão. 


Há tempos, o local é tradicional ponto de encontro da turma do vôlei. “A associação fez parte da nossa história no vôlei, porque vínhamos bater bola na rede da praia no começo dos anos de 1970. Complementávamos os treinos nos finais de semana e ficava cheio de gente pra ver nossos rachas”, diz José Oswaldo da Fonseca Marcelino, o Negrelli, de 69 anos. 


“A minha filha começou jogando vôlei aqui na barraca e na Copa TV Tribuna de vôlei escolar. Isso é uma coisa fantástica, uma sequência de valores”, destaca Carlão. 


Entre lembranças dos tempos de seleção e dos clubes pelos quais atuaram no Brasil, falaram sobre a expectativa para o desempenho do voleibol brasileiro na Olimpíada de Tóquio. 


Para João Ernesto Jens, 75, que disputou as Olimpíadas de 1968 e de 1972, o Brasil terá dificuldades no masculino pela transição de gerações, mas nem por isso deixa de ser postulante ao pódio. 


“No masculino tem uma turma nova chegando e uma mais antiga saindo, mas o time está bem treinado, dentro do planejado. Acho que vai ser bem difícil, mas creio que o Brasil vai estar no pódio no masculino e no feminino”.


Parceiro de Jens nos Jogos do México, Sérgio Telles, 75, faz coro com o companheiro. “No masculino tem umas cinco seleções muito niveladas. Estados Unidos, Rússia, Itália... o Japão, que surpreendeu no ano passado, mas acho que o Brasil tem time pra chegar. No feminino também, com um pouco mais de dificuldade pela altura”.


Há décadas no topo


Além de considerar o Brasil entre os favoritos na quadra, Negrelli, que jogou em Munique-72, aponta o potencial na areia, lembrando ainda que o País domina o cenário. “Há 30 anos o Brasil é o primeiro da Federação Internacional de Voleibol nas 12 disputas, tanto praia quanto indoor, desde as divisões sub-17”. 


Pioneiros relembram os tempos amadores


Jogadores de um tempo em que o vôlei era dividido com outras atividades, Jens, Telles e Negrelli falam do orgulho de terem aberto o caminho para o sucesso da modalidade no Brasil, que explodiu para o mundo na década de 1990. 


“O vôlei, mundialmente, era menos desenvolvido. Tinha os países da cortina de ferro (do leste europeu, como a ex-União Soviética), e os Estados Unidos. No Brasil era amador, uma época mais romântica, ninguém ganhava (para jogar). E estudava e trabalhava”, diz Jens. 


Para o paulistano, que frequenta Santos desde a mocidade e há dez anos reside na Cidade, a sua geração deu início à potência que se transformaria o Brasil décadas depois. 


“Nossa turma, de 1968 pra cá, conseguiu, além de melhorar o jogo, fazer a parte administrativa. Com a entrada de (Carlos Arthur) Nuzmann, ele profissionalizou e chegamos ao nível de hoje”, aponta Jens. 


O carioca Sérgio Telles chegou a ficar dividido entre o vôlei e o basquete, mas optou pelo primeiro. Após a Olimpíada da Cidade do México, em 1968, ele continuou jogando pelo Santos, time que Negrelli também defendia, e se dedicando à universidade.


“Me formei engenheiro em 1968 e fui trabalhar na Cosipa”, conta Telles, que continua batendo a sua bolinha nos campeonatos master. “Em maio vou para os Estados Unidos disputar mais um torneio”. 


Feliz de ser homenageado pela AEAS, ao lado de Jens, que o recebeu à época na seleção brasileira, do amigo Telles, seu padrinho de casamento, e de Carlão, ex-jogador de vôlei de quadra e praia, Negrelli resumiu o sentimento do encontro. 


“Foi o momento de relembrar uma carreira com muitas vitórias e sucesso, lembrando de equipes memoráveis que tivemos”.


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