Os irmãos Rodrigo e Gabriel são duas promessas da canoagem. Com o sonho de um dia disputar uma Olimpíada, eles treinam forte em Santos, onde moram, e enfrentam desafios de todo tipo para sobreviver no esporte. O mais difícil deles foi superar a perda do pai, no ano passado. Ronaldo Cavalcante foi uma das milhares de vítimas da pandemia de covid-19.
Mas o episódio, por mais duro que tenha sido, não foi capaz de acabar com os planos dos irmãos. Incentivados pela mãe, Elen, eles transformaram a dor em motivação. No Campeonato Brasileiro de Canoa Havaiana, disputado em Vila Velha, no Espírito Santo, Rodrigo, conhecido como Mascote, sagrou-se tricampeão brasileiro júnior na categoria OC1 de longa distância. Já Gabriel faturou a medalha de bronze na categoria V1.
“Nosso pai foi o responsável pela primeira canoa que tivemos”, conta Rodrigo. “Ele fazia reparos em canoas e certa vez abriu mão do pagamento por uma canoa para nós. Foi aí que começou tudo”. A gratidão e a lembrança ao pai foram traduzidas em forma de homenagem. Recentemente, Rodrigo presenteou Gabriel com uma canoa batizada de Ronaldo. “Foi uma surpresa emocionante”, diz o presenteado.
Em busca de um desempenho cada vez melhor, os irmãos pegam pesado nos treinos. Rodrigo, inclusive, tem um treinador de renome: Sebastián Cuattrin, que soma 11 medalhas em Jogos Pan-Americanos e quatro participações olímpicas. O curioso é que eles nunca se encontraram pessoalmente. “Ele me passa os treinos por vídeo. Trocamos planilhas e informações. Espero que a gente se conheça pessoalmente em breve”, afirma.
Enquanto o sonho olímpico não se realiza, a dupla percorre o caminho até lá. Após os resultados alcançados no Brasil, Rodrigo tem vaga para participar do Campeonato Mundial, que será disputado em agosto, em Londres, na categoria V1 Sprint Jr. 19. Gabriel mira o Campeonato Sul-Americano, em novembro, no Chile, e o Mundial de 2023 em Samoa.