João Messi vai em busca do título nos Jogos Parapan-Americanos de Lima

Paratleta de Guarujá defende o Brasil, que neste sábado (31), joga com a Argentina valendo a medalha de ouro no futebol de 7

Por: Da Redação & Com informações do Estadão Conteúdo &  -  31/08/19  -  15:39
João Messi conheceu vários países praticando esporte e comemora o fato de poder representar o Brasil
João Messi conheceu vários países praticando esporte e comemora o fato de poder representar o Brasil   Foto: Facebook/Reprodução

Neste sábado (31), a partir das 14h, o Brasil vai em busca da medalha de ouro no futebol de 7 dos Jogos Parapan-Americanos de Lima com um morador de Guarujá em seu elenco. João Batista de Araújo, o João Messi, é um dos brasileiros que vão lutar pelo título na partida contra a Argentina.


“Esperamos manter a tradição, o Brasil é sempre campeão. A Argentina é um time chato, é um clássico, mas vamos entrar focados pra sair com a vitória”, garante o paratleta de 31 anos, que é nascido em São João do Sabugi (RN) e tem paralisia cerebral.


João Messi tem atuado pouco em Lima. Com uma lesão no joelho, ele tem entrado no segundo tempo das partidas. Mesmo assim, já deixou sua marca na campanha quase perfeita do Brasil até aqui em gramados peruanos.


“Fiz um gol logo na estreia, na vitória por 10 a 0 sobre o Peru. Depois vencemos Argentina (2 a 0) e Colômbia (4 a 0) e perdemos para os Estados Unidos (3 a 2). Chegamos à final graças à vitória por 15 a 0 sobre a Venezuela”, conta o paratleta.


João Messi conta que treina no Guaibê com os demais integrantes da Associação Paradesportiva da Baixada Santista (APBS). Ele também joga pelo Corinthians e pratica atletismo. “Cheguei à seleção em 2013. Em seguida fui para o Mundial em Barcelona e fomos vice-campeões. Passei um tempo fora e voltei no ano passado. Fui para a Copa América, no Equador, e fomos campeões, ganhando da Argentina na final com um gol meu”, recorda. “Em 2019, fomos para o Mundial em Sevilha e ficamos em terceiro lugar”. 


Cotidiano 


Embora tenha o lado direito do corpo paralisado, João não se priva de nada no cotidiano. Supervisor de vendas, ele é casado e tem uma filha de 7 anos. A prática esportiva, porém, é um capítulo à parte nessa trajetória. 


“O esporte para mim é tudo, principalmente o futebol, modalidade de que gosto mais. Alguns dos bens materiais que tenho vieram graças ao esporte. Poder representar o seu país, fazendo o que você gosta, não tem preço, vou guardar para o resto da vida”, conta. “Quando era criança, nunca poderia imaginar fazer parte de uma seleção. Tinha coisas que meus amigos faziam e eu não podia fazer por causa da minha deficiência. Eu ficava chateado. Hoje, sou jogador da seleção, viajei para vários países. Isso não tem preço”, comemora o paratleta. 


Regras 


No futebol de 7, como o próprio nome diz, cada time tem sete jogadores, seis na linha e um no gol. As partidas são disputadas  em dois tempos de 30 minutos. O campo é menor – tem 70m x 50m– e não há impedimento. Em cada time, os atletas são divididos conforme o grau de deficiência: FT1 (mais severa), FT2 (a de João Messi) e FT3. Cada time tem de escalar ao menos um atleta FT1 e pode ter no máximo um FT3, conta João. 


Oficina de próteses já fez mais de 800 consertos 


O processo é simples. O atleta vai até o local, deixa o braço ou a perna para consertar e volta para buscar mais tarde sem custo nenhum. O serviço funciona das 8 horas às 21 horas e é aberto para todos os participantes dos Jogos Parapan-Americanos em Lima. Além de membros mecânicos, a Ottobock, empresa parceira do Comitê Paralímpico Internacional, conserta cadeiras de rodas.


A dois dias do término da competição, os mecânicos e responsáveis pela oficina informaram à Reportagem que já bateram o número de atendimentos de Toronto-2015. O brasileiro Emerson Bolvo, auxiliar chefe do local, disse que foram feitos mais de 800 consertos na capital peruana. No Canadá, os reparos beiraram os 800.


A demanda é maior na atual edição por dois motivos. O primeiro é que há mais atletas em Lima do que no Canadá. O outro é que a região é mais pobre. Por isso é comum que muitos apresentem a prótese danificada antes mesmo de competir. “No Rio-2016 foi assim também. Reencontrei atletas que estavam lá. Eles chegam com um problema antigo. A gente prioriza as próteses e cadeiras de competição, mas também conserta as de uso no dia a dia”, disse Bolvo.


A empresa deslocou 23 funcionários de diferentes países de suas filiais para trabalhar em Lima. A Ottobock nasceu logo após a Primeira Guerra Mundial com o objetivo de auxiliar combatentes amputados. Há 31 anos, desde os Jogos de Seul, é parceira do IPC. (Estadão Conteúdo)


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