Futebol é coisa para Evelyn Santos

Aos 15 anos, a menina de Guarujá, que joga bola desde os 8, assina contrato com o São Paulo esperando brilhar nos gramados

Por: Régis Querino & Da Redação &  -  13/10/19  -  16:39
Atualizado em 13/10/19 - 17:00
O primeiro desafio com a camisa do Tricolor começa este mês, no Campeonato Brasileiro sub-16
O primeiro desafio com a camisa do Tricolor começa este mês, no Campeonato Brasileiro sub-16   Foto: Irandy Ribas/AT

Das quadras de futsal e campos de futebol society de Guarujá para o Morumbi. Esse foi o caminho trilhado por Evelyn Santos da Hora, de 15 anos, que em setembro assinou um contrato de cinco anos com o São Paulo. Jogando futebol desde os 8, sempre com os meninos, ela se acostumou a driblar o preconceito de quem acha que bola não é “brinquedo” de menina. 


“A maioria das pessoas tem preconceito, era muito difícil ter outra menina treinando comigo. E os meninos me tratavam como se eu fosse outra pessoa, não de igual pra igual. Eu ficava chateada, mas fui me acostumando”, conta Evelyn. 


Desdenhando de comentários e olhares que sugeriam pensamentos como: “Ah, é menina, não deve saber jogar”, Evelyn dedicou-se a mostrar que tinha potencial para atuar no mesmo nível dos garotos. 


“Aos 10 anos fui para o projeto da Guarda Civil e um dia o técnico do time do Objetivo, de Santos, ligou perguntando se tinha algum menino que jogava bem. Meu treinador me indicou, fiz um treino e passei a jogar pelo colégio”, diz. 


A ala-esquerda não apenas se destacou no time santista como foi tricampeã da Copa TV Tribuna de Futsal Escolar. “Joguei quatro edições da Copa, fui três vezes campeã e duas vezes artilheira”, enumera Evelyn. 


Da quadra para o campo


O sucesso no futsal deu a confiança necessária para que a guarujaense traçasse sonhos maiores. Na internet, ela descobriu que o São Paulo faria uma peneira para as categorias de base. 


“Participei contra mais de cem meninas e fui uma das dez aprovadas pra fazer um coletivo e depois treinar com o time sub-17”, lembra a agora meia do tricolor paulistano. 


A carreira que se vislumbra à frente de Evelyn conta com o apoio da família. Que não viu problema em vê-la trocar as aulas de ginástica pelo futebol. Atualmente, o pai a leva às terças e quintas-feiras ao complexo esportivo do Morumbi para os treinamentos. 


Primeira prova


Este mês, a meia terá o primeiro desafio com a camisa do São Paulo: disputar o Campeonato Brasileiro sub-16. O próximo será deixar a família e mudar-se para o alojamento do clube, assim que surgir uma vaga. 


A adaptação à nova vida inclui a convivência com as atletas profissionais do São Paulo, com quem as meninas da base têm contato na rotina do clube. 


Fã das são-paulinas Cristiane e Ary Borges, Evelyn também gosta de ver Marta e Neymar em ação. E já se permite sonhar com uma carreira no exterior. O plano B é fazer um curso superior, talvez Medicina, mas ciente de que é difícil conciliar as duas coisas, ela prioriza o futebol. 


E já tem na ponta da língua a resposta para quem ousar usar o discurso de que bola é coisa para homem. “A mulher pode fazer o que quiser da vida. Pode jogar bola, ser médica, tem que respeitar”. 


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