Delegado Romano é o quarto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna

Ele defende a necessidade de gerar mais empregos por meio da atração de indústrias de transformação para a Área Continental da Cidade

Por: Da Redação  -  15/10/20  -  12:41
Candidato pelo DC teve nome liberado para concorrer à prefeitura de Santos
Candidato pelo DC teve nome liberado para concorrer à prefeitura de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

Delegado Romano (DC) é o quarto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna. Ele defende a necessidade de gerar mais empregos por meio da atração de indústrias de transformação para a Área Continental da Cidade.


Se eleito, o candidato promete fazer o enxugamento da máquina administrativa e uma auditoria das contas a fim de redirecionar o dinheiro do orçamento para novos investimentos. Romano destacou ainda que tem um plano viável para construir anualmente 1.500 moradias populares no Município.


A Tribuna - Se o senhor for eleito, qual será a prioridade do mandato? 


Delegado Romano - Não existe uma prioridade, mas sim várias prioridades. Temos a necessidade de recuperação econômica imediata para voltarmos a gerar empregos e mantermos o nível de atendimento, de investimento e de incremento tecnológico para a modernização na saúde pública e na educação. A administração pública atua em vários segmentos da sociedade, mas hoje a principal emergência é a recuperação econômica do Município. 


Quais medidas precisam ser tomadas para Santos voltar a gerar empregos e fortalecer a economia? 


Não temos como ignorar a importância do Porto para a nossa economia. Ele é o responsável por 47,9% da Receita Corrente Líquida do Município. A cidade já tem uma vocação natural, que é a portuária. Em contrapartida, precisamos estimular e atrair novos investimentos, como, por exemplo, o turismo, que nunca foi explorado de forma adequada. Ainda relacionado ao Porto, precisamos atrair indústrias de transformação. Vamos implantar essas indústrias na Área Continental e urbanizá-la. Essa região da Cidade vai servir para várias soluções de necessidades públicas do Município. Uma delas é o desenvolvimento econômico para a instalação dessas empresas, porque os produtos importados e insumos que vão para Capital e Interior para serem manufaturados e transformados, acabam retornando para cá para serem exportados. Com essa novidade, poderão ficar aqui. Atrairemos a iniciativa privada de todo o mundo por meio de incentivos fiscais para implantar novos parques industriais e tecnológicos, gerando emprego, riqueza e modernização em Santos. 


O candidato pretende manter as Organizações Sociais (OSs) no gerenciamento de equipamentos públicos municipais? Pretende utilizá-las em outros setores? 


Santos possui um orçamento de R$ 3,2 bilhões e temos um limite mínimo constitucional de 15% na área da saúde, que é atendido. O orçamento da Secretaria de Saúde é de R$ 700 milhões, o maior da Prefeitura. Nossa proposta é verificar esse modelo de gestão. Eu não estou convicto que essa é a melhor opção. A importância e a relevância do serviço de saúde pública não podem ter sua gestão transferida. Apesar da existência do Portal da Transparência, não temos as informações necessárias para verificar a eficácia das medidas de saúde pública. 


Com esse orçamento de R$ 700 milhões, é possível melhorar a qualidade do serviço prestado à comunidade? 


Esse valor não significa que seja um teto e se trata de um valor estimado na Lei Orçamentária Anual. Os diferenciais das nossas propostas são um enxugamento da máquina administrativa e uma auditoria das contas para redirecionar o dinheiro do orçamento às pastas que são prioritárias, como a Saúde. Temos que priorizar o atendimento ao cidadão e as condições de recepção que o paciente precisa ter ao chegar nas unidades de saúde. Precisamos ampliar o investimento em equipamentos e fortalecer a medicina preventiva, que é um modelo mais moderno na gestão pública. Vamos implantar ainda a telemedicina.


Como o senhor pretende melhorar a formação continuada dos docentes e valorizá-los? 


O segundo maior orçamento da Prefeitura é a Educação, com R$ 652 milhões. Esse valor é destinado para 84 UMEs (Unidades Municipais de Ensino), que atendem a 27 mil estudantes. Temos cerca de 3 mil professores. Os principais atores são os docentes e os alunos. Quero frisar que vamos modernizar e capacitar professores, assim como preparar e dar todas as condições tecnológicas aos alunos. Grande parte dos alunos não tem acesso à internet e precisamos resolver esse problema, como foi observado com essa crise sanitária que vivemos atualmente. Por conta da obrigação dos alunos passarem por um modelo de ensino a distância, a rede municipal não estava preparada e temos que aproveitar isso para estabelecer, de uma maneira definitiva, condições para termos um sistema híbrido de educação para ser usado em casos de emergência, se for necessário. 


Quais são os seus planos para as empresas públicas, como Cohab Santista, CET-Santos e Prodesan? 


Elas são as responsáveis pelo endividamento do Município. Pretendo fazer uma auditoria em todas. As que forem inviáveis, privatizar ou extinguir. Simples assim. 


No plano de governo, o senhor aponta que não haverá indicações políticas para cargos comissionados. Como os ocupantes dessas funções serão selecionados? 


Temos hoje 513 cargos comissionados na Prefeitura, nas empresas municipais e outros órgãos. Isso dá um custo mensal aos cofres públicos de cerca de R$ 6 milhões. Cargo comissionado é sinônimo de cabide de emprego de político na maioria das vezes. Portanto, não temos compromissos com ninguém, a não ser, é claro, com o interesse do cidadão de Santos. Cargo público que não tenha função ou necessidade no serviço municipal será extinto. Vamos fazer uma reforma administrativa, que é absolutamente necessária. Pretendemos aplicar uma modernidade tecnológica que permita que o serviço público seja rápido, desburocratizado, barato e até mesmo sem custo nenhum para que possamos atingir níveis de excelência.


O senhor apresentou no plano de governo a ideia de criar um novo terminal de ônibus. Onde ele seria instalado? 


A ideia é criar mais dois terminais, sendo um na Zona Noroeste e um na Zona Leste, para que possamos melhorar a integração das linhas, facilitar o embarque e desembarque dos passageiros e garantir uma melhor pontualidade das linhas de ônibus. 


O senhor aponta no plano de governo a proposta da Prefeitura ampliar o investimento em calçadas. A sua ideia é que a responsabilidade pela manutenção delas passe dos proprietários ao poder público? 


Sim. Eu vejo que a calçada faz parte da área pública. Logo, isso seria uma responsabilidade da Prefeitura. Isso jamais deveria ter sido colocado no colo do cidadão. 


Como melhorar a zeladoria do Município? 


Por meio do investimento em tecnologia de controle. Precisamos ter uma eficiência imediata quando esse munícipe aciona o poder público. Esse atendimento precisa ser rápido nas solicitações de poda de árvores, na manutenção das vias públicas e na limpeza das calçadas. Precisamos incentivar a educação por parte dos munícipes, principalmente com seus animais de estimação, pois alguns ainda não recolhem os dejetos fisiológicos de seus pets. Em relação à pavimentação, pretendemos colocar um asfalto de melhor qualidade e de maior durabilidade para evitar manutenções. 


Quais medidas o senhor pretende adotar para diminuir o deficit habitacional? 


Nós somente temos três áreas disponíveis para realizarmos isso. Na Área Insular, elas podem ser construídas na Zona Noroeste e na área central. Na Área Continental, podemos urbanizar parte delas. São vários segmentos de serviços do Município que estão interligados. É um sistema. Por esse motivo, queremos levar à Área Continental empresas e construir moradias populares. Temos estudos que permitem afirmar que é possível ao Município construir 1.500 moradias populares por ano. 


Como o senhor pretende lidar com a questão dos moradores em situação de rua? 


Eu faria tudo diferente do que está sendo feito pela atual gestão. Existe um entendimento da Prefeitura que não se pode tocar no morador em situação de rua por ser um direito constitucional. Não é. Eu me baseio na segurança jurídica de que ninguém pode montar uma residência ou moradia na via pública, porque isso é proibido. Dentro de um conceito de política pública de saúde, já existe fundamento clínico para levarmos quem tem necessidade de tratamento, para que eles possam ser recuperados e reinseridos na sociedade. Quando a pessoa é vulnerável e dependente química, ela perde a personalidade e a sua discricionariedade de vontade. Em conjunto com o Ministério Público e com o Poder Judiciário, vamos atuar. O santista não quer é o que a gente está assistindo. Se os 25 mil moradores em situação de rua que estão em São Paulo vierem para Santos, o poder público não vai fazer nada? 


Como a Prefeitura pode ajudar no combate ao crime organizado? 


Ela não tem a competência constitucional para atuar na área da Segurança Pública. Porém, com a criação das Guardas Municipais, e após a possibilidade delas usarem armas, criou-se uma nova força policial. Embora tenham limites legais e constitucionais, elas reforçaram as instituições já existentes. Nosso plano é continuar investindo em tecnologia, em câmeras de monitoramento e drones. Essa é a primeira palavra, hoje, em segurança. Vamos investir em câmeras de monitoramento e em drones. Teremos uma disposição racional e técnica dos nossos agentes pela cidade. Vamos levar operações de fiscalização pessoal dos suspeitos, o que não é feito. A polícia precisa estar presente ou, no mínimo, ter a informação imediata para atuar, ou seja, prender e levar para a Justiça. Em relação ao combate ao crime organizado, vamos atuar para evitar a invasão de áreas irregulares, onde o crime organizado se estabelece com forte equipamento de arma de fogo. Vamos fazer operações conjuntas com as polícias. Como chefe do Executivo, terei força para exigir essas operações e combater o tráfico de entorpecentes e de armas.


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