Um em cada 25 respiradores mecânicos da Baixada Santista está fora de operação

Números constam no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde; gestores locais afirmam que quantidade de aparelhos é suficiente para atender a região

Por: Eduardo Brandão  -  17/04/20  -  22:17
Cerca de 1.5 mil pacientes se recuperaram da doença no estado de São Paulo
Cerca de 1.5 mil pacientes se recuperaram da doença no estado de São Paulo   Foto: Drager/Divulgação

Às vésperas do ápice da pandemia de Covid-19 no país - previsto para entre o fim de abril e começo de maio - um a cada 25 respiradores mecânicos habilitados na Baixada Santista está fora de operação. Seja por falta de manutenção ou por reserva técnica (stand-by), 33 dos 823 ventiladores mecânicos locais não fazem o suporte aos pacientes com quadros clínicos graves do novo coronavírus.


Quase a totalidade dos equipamentos ociosos está na rede pública (Sistema Único de Saúde). Gestores regionais garantem que a quantidade em uso atende a atual demanda, e que novos aparelhos já estão em fase de aquisição. 


Os números foram apurados por ATribuna.com.br, com base nas informações referentes ao mês de abril do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde. Estão incluídos respiradores em hospitais públicos e particulares.


Conforme o levantamento, as nove cidades somam 4,37% do parque de maquinário paulista - que inclui 18,8 mil unidades. O resultado representa menos de meio ponto percentual acima da participação da Baixada Santista em relação à população estadual (3,9%).


Médicos infectologistas afirmam que os aparelhos são uma das principais armas dos profissionais da saúde para tratar os casos graves de Covid-19. Isso porque o equipamento faz o papel do pulmão para a circulação de oxigênio pelo corpo, quando o paciente está com o aparelho respiratório comprometido. Estima-se que 5% dos infectados necessitem dos respiradores por um período de 14 dias de internação.


Para tentar evitar sobrecarga na estrutura regional, as cidades já encaminharam pedidos de aquisição de aparelhos e de conserto dos equipamentos danificados. As medidas fazem parte do Plano Regional de Contingência ao Coronavírus, subscrito pelos nove secretários de Saúde da Baixada Santista.


Santos é a cidade que possui o maior parque de respiradores. Dos 432 aparelhos habilitados, 419 estão em utilização. A rede pública concentra 301 peças, sendo que oito do Hospital de Pequeno Porte (HPP, antigo OS Central) estão ociosos. 


“São aparelhos de reserva técnica. Quando houver a necessidade, serão colocados para funcionar”, diz o secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz. Outras cinco peças da rede privada seguem inoperantes.


O titular da pasta explica que 35% dos leitos santistas de UTI destinados aos pacientes do novo coronavírus estão ocupados. É nessas unidades que os respiradores são utilizados. “Os aparelhos disponíveis e a oferta de leitos estão adequados à atual demanda”.


Praia Grande concentra a maior quantidade local de aparelhos parados: são 12 respiradores, todos no Hospital Irmã Dulce. Procurada, a administração municipal não se posicionou até a publicação dessa matéria.


Peruíbe vem na sequência, com três dos oito ventiladores ociosos. A Secretaria Municipal de Saúde reconhece o déficit, e aponta a necessidade de mais dez equipamentos - sendo seis para o hospital de campanha e mais quatro para a UPA. Pedido ao Governo do Estado já ocorreu.


Guarujá possui a segunda melhor estrutura local, com 124 aparelhos (um de reserva). Contudo, um em cada três equipamentos está na rede privada de saúde.


“No momento, a projeção é entre dois e três [leitos de UTI com respiradores] para cada 10 mil habitantes. Vamos requisitar a ocupação de suporte aos pacientes de sintomas moderados e graves, pois prevemos um incremento importante na demanda”, diz o secretário de Saúde de Guarujá, Vitor Hugo Straub Canasiro.


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