Servidores questionam a convocação de militares para o INSS

Segundo presidente do Sinssp, legalmente, militares não têm autorização para analisar benefícios previdenciários e, por isso, não haveria ganho na utilização deles

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  20/01/20  -  22:54
Mais ricos recebem mais subsídios
Mais ricos recebem mais subsídios   Foto: Arquivo/ AT

Os servidores do INSS entraram em estado de greve após o anúncio do Governo Federal de convocar 7 mil militares da reserva para reforçar os trabalhos na Previdência Social.


“Aprovamos o estado de greve e os servidores públicos federais têm indicativo de greve para março. Mas isso ainda passará por outras assembleias para definir se esse será mesmo o caminho”, explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro e Previdência Social no Estado (Sinssp), Pedro Totti.


Segundo ele, legalmente, os militares não têm autorização para analisar benefícios previdenciários e, por isso, não haveria ganho na utilização deles. “Os benefícios só podem ser analisados por servidores, técnicos e analistas do INSS. Está na lei. Nenhum outro servidor pode acessar o sistema”.


Mesmo que os militares só façam o atendimento ao público, a medida é criticada pela categoria. “Para a pessoa minimamente prestar uma informação, ela tem de ter conhecimento mínimo da legislação previdenciária. O governo faz marketing com a medida. Para nós, é um absurdo”.


O sindicalista aponta que a criação da fila única para pedir benefícios por meio da internet agravou um quadro que já era ruim, por conta da redução no quadro de servidores.


“Como não houve concurso público, estamos estrangulados. O quadro de empregados está enxuto. De 2017 para cá, são mais de 10 mil servidores aposentados e não entrou ninguém na casa. O presidente Jair Bolsonaro criou a fila única nacional, que não tem gestão nem triagem. Há benefícios que poderiam ser resolvidos rapidamente, porque a pessoa já tem as condições e está tudo no sistema”.


Uma saída, de acordo com ele, poderia ser a convocação de servidores do INSS já aposentados.


Na última sexta-feira (17), o Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), ingressou com pedido para suspender o recrutamento dos 7 mil militares.


Outro Lado


Consultada, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho informou paraA Tribuna, em nota, que a seleção dos militares da reserva necessita de portaria ministerial, que especificará o processo de contratação.


Foi informado, ainda, que os militares não analisarão benefícios e atuarão em atividades como organização de agências, triagem, emissão de senhas e extratos, recepção e digitalização de documentos.


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