Selic de 6% deve estimular crédito imobiliário na Baixada Santista

Setor espera empurrão dos bancos com queda do juro

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  03/08/19  -  20:30
Medo do desemprego prejudica contratação de crédito imobiliário, mas clima econômico se recupera
Medo do desemprego prejudica contratação de crédito imobiliário, mas clima econômico se recupera   Foto: Alberto Marques/Arquivo/AT

A queda de 6,5% para 6% da Selic, a taxa básica da economia do Brasil, na última quarta-feira (31), deve contribuir para o aumento dos financiamentos bancários de imóveis a clientes e para a construção civil, dizem especialistas. 


Com a queda de rentabilidade das aplicações das instituições financeiras em títulos do Tesouro (balizada pela Selic - taxa anual), um leque de novos segmentos surge como opções atrativas para investimentos, como é o caso do mercado imobiliário. 


Atualmente, as taxas de juros aplicadas pelos bancos para o financiamento de imóveis estão em torno de 9% e 10% e, agora, há expectativa de redução. O diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi), Carlos Cesar Meschini, acredita que os novos índices devem ficar entre 8% e 8,5%, o que, segundo ele, já é visto com bons olhos. 


“Provavelmente os bancos devem baixar as taxas e devem investir mais no financiamento para o comprador final”. Para o diretor, o cenário dos sonhos teria juros de 5% ou 6%, o que ajudaria a recuperar as vendas. 


“Os bancos sempre têm um pouco de cautela com o financiamento imobiliário. Mas, não tem jeito. Para o setor se recuperar precisa do dinheiro do banco, no mercado, mais crédito e confiança (dos compradores e das instituições financeiras na economia do País)”, explica. 


A notícia da queda da Selic agradou também o presidente da Associação de Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob). Ricardo Beschizza. Segundo ele, o dinheiro sairá das instituições financeiras para a “produção”. “Os bancos vão ter que reduzir suas taxas (de juros). Assim começa a andar mais a macroeconomia”.


Mercado em crescimento


O cenário de negócios do setor já tem apresentado um crescimento, o que deve ser impulsionado pelo fator Selic. 


O aumento é percebido, por exemplo, nos índices de operações contratadas com recursos da caderneta. O levantamento foi divulgado pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). 


Entre janeiro e junho deste ano, foramfinanciadas 129.202 mil unidades para a aquisição de imóveis e construção de empreendimentos. No mesmo período no ano passado foram 98.344 unidades financiadas, um crescimento de 31,3%.


O professor Carlos Honorato, da escola de negócios Saint Paul, observa que o mercado imobiliário realmente tende a seguir com números positivos, mas sem grandes saltos. 


De acordo com ele, o setor “tem muito a crescer”, mas ainda sofre com o fantasma da crise econômica, em que as pessoas têm receio de se comprometer com financiamentos e cair no endividamento. No mesmo passo, os bancos não dão crédito por ser um empréstimo de risco. 


Honorato entende que essa relação vai melhorar com o tempo e com ações, como com a reforma da Previdência e a tributária. “Vai acontecer se a economia der sinais de confiança ao mercado”. 


Esses sinais de melhora, segundo o professor, já podem ser observados nas ruas. “Em Santos, teve uma explosão imobiliária na época do pré-sal. Hoje tem muito imóvel disponível, mas, mesmo assim, você deve receber folders de imóveis novos. Isso é um termômetro. As obras que estavam paradas estão sendo retomadas”. 


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