'Um dia, senti que estava indo embora', diz mulher que ficou intubada e venceu a Covid-19 em SV

Auxiliar administrativa da Sesau, Jurema Januzzi ficou 24 dias internada e ainda trata sequelas da doença

Por: Por ATribuna.com.br  -  30/07/20  -  20:42
Jurema lida com sequelas deixadas pela doença
Jurema lida com sequelas deixadas pela doença   Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de São Vicente

Nove dias dentro de uma Unidade de Terapia intensiva (UTI), intubada e sedada, lutando contra a morte. Este foi o período mais difícil enfrentado pela auxiliar administrativa da Secretaria de Saúde (Sesau) de São Vicente Jurema Januzzi, de 63 anos, durante o tratamento para superar a Covid-19. Atualmente, ainda em recuperação, ela recorda o que passou dias atrás e admite: “Um dia, senti que estava indo embora”.


Já se sabe o desfecho da história: Jurema se recuperou. Entretanto, o início da trajetória vitoriosa é incerto, inclusive para a auxiliar administrativa. Isso porque ela não tem ideia de como contraiu o novo coronavírus. “Eu seguia todas as recomendações, como sair de máscara e lavar as compras quando chegava do mercado. Meu médico disse que não tem como afirmar onde adquiri a doença”.


Ou seja, Jurema não sabia, mas o vírus estava lá, em seu organismo. E não demorou para ele mostrar sua cara, fazendo surgirem os primeiros sintomas: febre alta, que não passou com o decorrer dos dias; forte dor de cabeça; e cansaço. Dias depois, um exame comprovou: Jurema tinha contraído o novo coronavírus. Começava, ali, um combate para se manter viva.


Os esforços para vencer a luta tiveram início ainda na chegada ao hospital, a Santa Casa de Santos. “Como tenho problema de pulmão, já cheguei ofegante”. Lá, imediatamente, foi encaminhada para a UTI.


“Foram quatro dias no oxigênio, mas meu quadro só estava piorando. Quando o médico falou que teria de me intubar, eu pedi que não me intubassem, porque eu não queria. Mas não teve jeito”, diz.


Jurema necessitou de nove dias nesta condição para reagir ao tratamento e, finalmente, acordar. “Na hora que eu acordei, eu nem se sabia que tinham se passado nove dias. Não sabia em qual hospital estava e também não tinha noção do que tinha acontecido comigo. Quando me dei conta, não falava mais e não tinha movimento nas pernas, porque fiquei muito tempo parada nas mesmas posições”.


Com isso, a auxiliar administrativa precisou ficar mais sete dias na UTI, período no qual sua voz “foi voltando, mas muito baixa”. Depois disso, foram mais quatro dias em uma enfermaria. Naquele local, enfrentou mais dificuldades.


“No quarto, comecei a me alimentar e forcei as minhas pernas. Pedi para minha filha me descer da cama e comecei a dar alguns passos, muito ruins, e aí (o movimento) foi voltando. A fonoaudióloga vinha me dar alimentação e água, porque não descia. Eu engasgava com tudo, e ela ia medindo a minha laringe. Ela ia escutando e falando: “Está soltando, está soltando”, porque você fica de sonda (aquela gástrica, que vai até o estômago), o que atrapalha muito. Voltei a falar no quarto”, conta, ressaltando, também, que teve ajuda de fisioterapeuta, por conta da dificuldade para andar.


No total, foram 24 dias dentro do hospital. Depois disso, a alta foi recebida com festa. Contudo, a doença deixou marcas. “Estou me sentindo bem, mas em partes, porque estou com sequelas. Fui a uma pneumologista, porque eu perdi 50% do meu pulmão. Então, estou fazendo um tratamento”, revela, afirmando que há outras consequências do período de internação e também da ação do vírus.


Diante de tudo que enfrentou, Jurema aconselha que todos cumpram as recomendações, como o uso de máscara, isolamento social e evitar aglomerações.


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