O prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), admitiu a possibilidade das aulas presenciais na rede de ensino municipal não retornarem em 2020. Em entrevista a Radio Nova FM, o chefe do Executivo vicentino explicou que o tema está sendo debatido.
""Essa semana conversei com o Roberto Cicarelli, presidente do Sintramem (Sindicato dos Trabalhadores no Magistério e na Educação Municipal de São Vicente), e ele falou: 'a gente sabe da capacidade de superação dos nossos professores, da nossa rede de ensino. E a gente tem percebido que, muito provavelmente, essa carga toda terá de ser distribuída no ano de 2021'. Na verdade, a gente provavelmente vai ter de fazer dois anos em um. Se tudo voltar à normalidade, a gente vai ter de fazer que o ano de 2021 seja especial na área da educação, com bastante investimento, para que seja possível correr atrás desse prejuízo", falou Gouvêa.
O chefe do Executivo vicentino explicou que estão sendo criado uma série de protocolos para o retorno das aulas presenciais, mas que não há nada definido.
"É preciso ter muito cuidado nesse momento. Os próprios alunos estão ansiosos, mas vamos fazer isso com segurança e sem comprometer qualquer condição de saúde pública na cidade de São Vicente. Vamos fazer isso com o pé no chão, quando estivermos seguros de que temos um plano seguro e que não compromete as condições de saúde pública", comentou.
Apesar disso, o emedebista vê, como ponto positivo, o fato da pandemia abrir horizontes para a utilização da tecnologia na educação. "Vejo que esse período foi positivo no sentido de abrir muito a cabeça de muita gente, principalmente dos profissionais da educação, a respeito da internet. Todo mundo se sentiu obrigado a se lançar nesse mundo. A gente anunciava isso há anos, mas nós não estávamos totalmente inseridos nesse processo. Hoje, todos estão acreditando muito nisso e vai mudar muita coisa na área do ensino", analisou o prefeito.
Realidade distante
Sobre o protocolo apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo para o retorno das aulas, dentro do Plano SP, Gouvêa avaliou que é um "projeto perfeito para um mundo perfeito".
"A nossa realidade está muito distante daquilo que é proposto. As instiuições de ensino privado terão muito mais condições de se adequar. Tenho visto escolas particulares se preparando, adotando todas as medidas e acho uma delícia ver essa capacidade de reorganização. Mas essa é uma condição que foge da realidade do ensino público. Algumas escolas talvez até tenham condições, mas há outras que ainda têm três períodos de aula. Então, não é a realidade do ensino público. Há uma deficiência do número de salas com relação ao número de alunos. Além do quê, veremos uma grande migração de estudantes da rede particular para a rede pública. A gente vai sentir isso de maneira intensa no próximo ano, a partir do processo de matrícula. Eu me preocupo muito. Por isso eu penso que, talvez, seja preferível manter um processo mais remoto, mas garantindo a saúde de todos. A questão das escolas está sendo muito discutida, e vai ser trabalhada dentro da nossa realidade", finalizou.