Moradora de São Vicente amputada critica INSS por auxílio cortado: 'Acham que minha perna cresceu'

Benefício é a única fonte de renda de Tatiane Monfardini, que tem diabetes e luta contra infecções

Por: Daniel Gois  -  10/11/20  -  12:00
Moradora da Vila São Jorge, em São Vicente, Tatiane Monfardini vive drama após corte de benefício
Moradora da Vila São Jorge, em São Vicente, Tatiane Monfardini vive drama após corte de benefício   Foto: Arquivo pessoal

Diabetes, infecções, salários atrasados e cortes no auxílio doença. Tudo isso faz parte do drama vivido por Tatiane Monfardini, de 38 anos, que mora sozinha no bairro Vila São Jorge, em São Vicente. Ela precisou amputar a perna esquerda e parte de um dedo do pé direito. Sua única renda é o auxílio-doença, que foi cortado para o mês de novembro por conta da necessidade de nova perícia, que não tem previsão para acontecer. 


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Desde abril de 2016, Tatiane luta contra infecções que afetam os dedos dos pés. No caso do pé esquerdo, a situação piorou e, em novembro de 2019, foi necessária amputação da perna até a altura do joelho.  


Além do diabetes e das infecções, Tatiane trabalhava como segurança, chegando a fazer 12 horas de trabalho por dia. “Era um posto que não tinha refrigeração, acomodação, uma guarita. Era um calor muito forte. O calçado ocasionou machucados no meu pé, que inchou, gerou uma bolha e várias feridas”, recorda. 


A situação de Tatiane se complicou a partir de fevereiro de 2016, quando a empresa que trabalhava declarou falência. Com isso ela acumulou dívidas, contas e impostos sem pagar, além dos problemas de saúde que ainda viriam a piorar. Ela entrou na Justiça para receber salários que não foram pagos. Após a ação, os pagamentos foram realizados em 2018. 


Após a falência, e com a situação de saúde piorando, Tatiane deu entrada no benefício de auxílio-doença, o qual recebe desde junho de 2016. Agora em outubro, durante um atendimento por telefone, ela recebeu a informação de que o benefício seria cortado para o mês de novembro, pois precisaria de uma nova perícia, mesmo com o atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não estando normalizado devido à pandemia do novo coronavírus. 


“Estão achando que minha perna nasceu? Não tenho condições de trabalhar. Com ele eu sobrevivo, mas não vivo. Tem um calçado ortopédico que encomendei, que seria pago com o benefício do INSS, mas agora não terei como pagar”, lamenta. 


Segundo Tatiane, a última perícia aconteceu no mês de janeiro, quando o benefício foi estendido por mais seis meses. Ela conseguiu estender o auxílio nos meses seguintes por mais 30 dias, e conta que este é o terceiro corte nos mais de quatro anos em que é beneficiária. 


“Tirei a perna esquerda, mas a direita ainda está aqui, com vários problemas”, lamenta Tatiane. Ela destaca que o calçado ortopédico que encomendou seria usado para conter as feridas, já que o pé direito segue "cheio de cicatrizes. ” 


Desesperada e apreensiva com o que vai rolar daqui para frente, Tatiane criou rifas e campanhas virtuais para levantar fundos que ajudem no tratamento e no pagamento das suas contas. “Próximo de mim, não tenho nenhum parente, nenhuma pessoa que possa ajudar. Tanto com transporte, como ajuda financeira. Nesse momento, não tenho nenhum tipo de renda, somente o auxílio-doença. Sem perna, sem ninguém. A situação vai ficar muito difícil”, projeta.


Quem puder ajudar Tatiane pode entrar em contato pelo número (13) 98122-6157. 


Resposta


Em nota, o INSS informou que o benefício de Tatiane foi cessado no dia 13 de outubro e que ela pode "protocolar recurso ou aguardar até que se complete 30 dias da cessação do benefício e fazer um novo requerimento de auxílio-doença". Em ambos os casos, o pedido pode ser feito via site, pelo aplicativo Meu INSS, ou também pelo telefone 135.


O órgão esclarece que, em relação ao atendimento durante a pandemia e o retorno gradativo das agências, "o pedido de prorrogação de auxílio por incapacidade temporária não deixou de ser feito em nenhum momento". O pedido de prorrogação pode ser solicitado de 15 dias antes do fim do auxílo até a data de encerramento.


Para os que vão dar entrada no auxílio por incapacidade, há a opção de marcar perícia médica em unidade do INSS com agenda aberta ou solicitar antecipação do auxílio, anexando atestado médico e documentos no pedido. 


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