Família de São Vicente é impedida de reconhecer corpo de idosa

Mulher morreu em hospital vicentino e caixão foi lacrado antes da identificação

Por: Sheila Almeida  -  07/09/20  -  12:15
Idoso chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal, mas não resistiu
Idoso chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal, mas não resistiu   Foto: Irandy Ribas/AT

Uma família foi impedida de reconhecer o corpo de uma idosa antes do enterro, neste domingo (6), em São Vicente. Marlene Simões Gonçalves, de 86 anos, morreu no Hospital Municipal, o antigo Crei, com suspeita de Covid-19, três dias após a internação. A família está indignada.


Segundo familiares, a mulher tinha problemas de coração e pressão. Ficou cerca de uma semana internada por isso, inicialmente. Ao ser liberada, os médicos teriam informado que examinaram a paciente que estava “com o pulmão limpinho”, como conta Idalina Galdino Xavier, de 63 anos, amiga da falecida.


“Quando ela internou a primeira vez, estava razoavelmente bem. Foi para lá por causa da pressão. Se fosse covid, nem podia ficar ninguém com ela e os parentes estavam ficando”.


Três dias depois, a idosa sentiu falta de ar, voltou ao hospital e a família não pôde mais vê-la, diz Andrea Mineiro, 46 anos, neta de Marlene. “Ela ficou com o rosto inchado, mãos e pés arroxeados e falta de ar. Passadas duas horas que estava no Crei, comunicaram que ela estava com covid-19, pois havia feito o teste”, diz a neta, lembrando que, na data, Marlene foi transferida ao hospital de campanha da cidade, no Rio Branco, mas retornou ao anterior, já que o hospital fechou.


Após mais três dias no antigo Crei, Marlene morreu, sábado, 16h30. Não deixaram nenhum familiar reconhecer o corpo.


A velório foi atrasado porque quando a assistência funerária soube que não houve reconhecimento, pediu para devolveu o caixão lacrado ao hospital, que não aceitou. A polícia foi chamada, mas nada mudou.


Estamos indignados com a falta de respeito. Fizeram uma tomografia e disseram que era covid. O hospital disse que extraviaram os testes. Não pudemos nem ver foto para a família identificar. Tivemos que acreditar neles”, contou a neta, após o enterro, ontem, às 16 horas.


Prefeitura
Seguindo recomendação do Ministério da Saúde, São Vicente diz que quando há óbito por covid-19, o corpo é reconhecido por foto ou filmagem. A família nega que tenha ocorrido.



A Prefeitura confirmou que o hospital de campanha foi fechado na última sexta-feira. E sobre os testes na vítima, reconhece que deram negativos. Mas, exames de imagem foram sugestivos, por isso a equipe fechou diagnóstico para a patologia.


Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação é para que o reconhecimento de corpos no hospital seja feita por um único familiar, com cuidados de higiene. O uso de imagens também é sugerido.


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