Comerciantes relatam queda de até 15% nas vendas após interdição da Ponte dos Barreiros

Estabelecimentos da Área Continental sofrem prejuízo com número reduzido de clientes desde fechamento da estrutura

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  21/01/20  -  19:55
Problemas de logística têm interferido nos preços e no abastecimento das prateleiras de mercados
Problemas de logística têm interferido nos preços e no abastecimento das prateleiras de mercados   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Comerciantes da Área Continental de São Vicente têm sofrido para equilibrar alta de preços praticada por fornecedores e fuga de clientes desde que a Ponte dos Barreiros foi interditada, há quase dois meses. Alguns registraram até 15% de queda nas vendas. A Associação Comercial do município promete fazer uma pesquisa para apurar os impactos no setor causados pelo fechamento da ponte.


A Avenida Ulysses Guimarães, a mais movimentada do Jardim Rio Branco, viu o agito de carros e pedestres cair cerca de 60%, dizem os lojistas. Sem trânsito na via, os estabelecimentos ficam sem freguesia.


Fabiana Cunha, de 39 anos, proprietária da Droga Mais, contabilizou uma redução de 10% nas vendas de remédios e outros itens desde o fim de novembro do ano passado, quando os transtornos começaram.


“Quem ainda vem compra menos. Diminuí minha lucratividade para não repassar aumento para o consumidor, já que muitos produtos têm chegado mais caros por conta dos custos de logística dos fornecedores, que mudaram desde o fechamento da ponte para os veículos”.


O jeito, segundo ela, é buscar alternativas. “Nós, comerciantes, temos trabalhado juntos. Quando um não tem um item, o outro empresta até a chegada do produto. Tudo para não perder a clientela”.


Proprietária de drogaria afirmou que vendas diminuíram 10%
Proprietária de drogaria afirmou que vendas diminuíram 10%   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O gerente do supermercado Rede Fácil, Magno Nogueira, de 42 anos, sabe o quanto os problemas de logísticas têm interferido nos preços e no abastecimento das prateleiras.


“Não sei precisar quanto, mas o custo subiu. Também há fornecedor que não quer mais entregar aqui porque não compensa para ele. Outros demoram mais para tempo para nos trazer mercadorias”.


O estabelecimento também diminuiu a margem para não mexer no preço ao consumidor. “Porque houve redução no movimento de uns 15%”.


Mais problemas


No Humaitá, os comerciantes também têm se desdobrado para evitar que os transtornos da ponte tenham impacto ainda maior no faturamento.


Maria Helena dos Santos, de 39 anos, acabou com a promoção na peixaria da família para tentar manter as contas no azul. “Mas mantive os preços. Porque o custo ficou maior para buscar o pescado em Guarujá. Ou gastamos mais combustível para ir por Praia Grande ou pagamos R$ 7,90 de pedágio, passando por Cubatão”.


Há 15 anos à frente da Casa de Carnes Shiru, Mário Alves torce para que a situação melhore nos próximos meses. “Se não melhorar até junho, temo ter de fechar as portas. Já encerrei atividades de dois pontos em São Vicente por conta da crise econômica. Agora, aqui também está difícil”.


Atrasos


Prejuízo é visível em comércios da Área Continental após interdição da Ponte dos Barreiros
Prejuízo é visível em comércios da Área Continental após interdição da Ponte dos Barreiros   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O fechamento da ponte também trouxe problemas para administrar os horários dos funcionários, diz a subgerente do supermercado Mini Preço.


“Eles têm dificuldade para chegar no horário e sofrem na hora da saída do expediente. Tenho uma funcionário que pediu demissão e outra que já avisou que vai sair por conta disso”.


Procurada por A Tribuna, a Associação Comercial de São Vicente informou não dispor de números sobre alterações nas vendas em virtude do fechamento da Ponte dos Barreiros, mas realizará pesquisa nos próximos dias, com os comerciantes da Área Continental, sobre o tema.


“Alguns segmentos até cresceram em virtude da população da região não se deslocar ao Centro para fazer compras. Outros foram afetados pelo aumento do custeio e de tempo envolvendo a distribuição e recebimento de mercadorias”, destaca o presidente da entidade, Alcides Antoneli.


Previsão


A Ponte dos Barreiros deve ser reaberta parcialmente até abril, de acordo com a Prefeitura de São Vicente. O equipamento foi interditada no dia 30 de novembro por decisão do juiz Fábio Francisco Taborda, da Vara da Fazenda Pública de Município, avaliar relatório preliminar do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O documento alertava para problemas estruturais graves na ponte.


Logo A Tribuna
Newsletter