Vendedora de Santos sofre preconceito e perde autoestima após quebrar 20 dentes

Problemas dentários fizeram Michele Lima Oliveira perder oportunidades de emprego e evitar alimentos difíceis de mastigar

Por: Daniel Gois  -  03/11/20  -  18:44
Acidente de carro e problemas com aparelho fizeram Michele Lima Oliveira perder vários dentes
Acidente de carro e problemas com aparelho fizeram Michele Lima Oliveira perder vários dentes   Foto: Arquivo pessoal

Olhar-se no espelho e sorrir se tornaram tarefas deprimentes para a vendedora autônoma Michele Lima Oliveira, de 38 anos, moradora da Vila São Jorge, em Santos. Além da vergonha, ela evita ingerir alimentos que possam ser difíceis de mastigar, como uma maçã. Há um ano, os dentes dela começaram a apodrecer e quebrar. O drama começou em um acidente de carro, quando ela fraturou a mandíbula. 


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Era uma madrugada de domingo quando Michele dormia no banco de trás do automóvel. O motorista perdeu o controle após desviar de um motociclista que havia caído e colidiu com um poste, sendo que a autônoma bateu o rosto no encosto do banco e desmaiou. Após o ocorrido, Michele precisou colocar uma prótese dentária de platina e três parafusos, além de um aparelho. 


Mas o tratamento não foi suficiente para acabar com os problemas de Michele. Além do apodrecimento, ela sentiu fortes dores nos dentes. Antes da pandemia, após realizar exames de raio-x, ela soube que o aparelho foi colocado de forma incorreta, danificando a raiz do dente e quebrando em seguida. 


“Meu dente era perfeito. O único que tinha quebrado era por conta do acidente. Nunca imaginei que de uma hora pra outra eles ficassem tão sensíveis. Ainda faltam arrancar dois, do lado direito, e já arranquei tudo da parte esquerda”, conta Michele, que estima já ter arrancado cerca de 20 dentes. 


A situação faz Michele ter dificuldades diárias para se alimentar, evitando alimentos mais duros. “Jamais vou comer uma maçã. Carne eu como, mas de forma bem mais demorada. Tenho medo de comer algo com os dentes da frente e quebrar totalmente. O que tem eu escovo normalmente, mas comer é difícil”, lamenta Michele. 


Toda a situação trouxe graves consequências para a autoestima de Michele, gerando vergonha e medo. “Dou graças a Deus por trabalhar de máscara. A gente fica pra baixo. Olhar no espelho é complicado, da vontade de chorar”. 


Preconceito


Não bastasse todas as dificuldades diárias, Michele também tem lidado com piadas e preconceitos por conta da aparência. Apesar do constrangimento, ela tenta não prestar atenção no que é falado. 


“Fui fazer entrevista de emprego em uma determinada loja, já com dente quebrado, e a pessoa não olhava no meu olho, apenas para minha boca. Com as outras meninas, demorou uma meia hora. Comigo, 15 minutos”, recorda, afirmando que perdeu as esperanças após o ocorrido. 


Em outra situação, Michele foi até uma lan house para produzir um currículo e, ao conversar com um cliente que estava em um dos computadores, notou que o mesmo não parava de rir ao olhar para a cara dela. A autônoma conta que, após notar a cena, o atendente do local repreendeu o cliente e pediu respeito. 


Como ajudar


A moradora de Santos precisa de uma prótese dentária fixa, que não tem como custear neste momento. Quem tiver interesse em ajudá-la pode entrar em contato pelo número (13) 99766-4719.


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