Tradicional almoço de Natal no Valongo reúne 60 pessoas em situação de rua
No Santuário, refeição foi para o corpo e a alma
Roupa nova e mesa farta. O cenário é comum para muitas famílias no Natal. Mas para cerca de 60 pessoas em situação de rua e desempregados, o almoço preparado por voluntários e servido nesta quarta-feira (25), no Santuário do Valongo, em Santos, foi mais do que uma refeição especial. Teve gostinho de amor e confraternização.
AranOliveira Souza, 34 anos, participou pelo terceiro ano consecutivo. Chegou cedo. Tomou banho e vestiu camiseta e bermuda novas. Ao meio-dia, estava pronto para a única celebração do nascimento de Jesus para a qual foi convidado. Era isso ou nada. Talvez, alguma doação na rua.
Sem contar detalhes sobre o que levou a ser um “morador de calçadas”, como se definiu, agradeceu a oportunidade e saboreou o cardápio: macarrão, frango, arroz, batata e todo o carinho com o qual os ingredientes foram temperados.
“São poucos os privilegiados que têm o que temos aqui hoje (quarta-feira): comida boa, calor humano e paz. Fico muito feliz com isso”.
Obra de Deus
E não foi o único. Cláudio Reis, 65 anos, também abria o sorriso largo ao ser perguntado sobre o almoço. “É um momento de confraternização. É nota 100. Uma obra de Deus”.
Fábio Joaquim da Silva, 40 anos, trabalha com reciclagem e também se sentiu abençoado com a ação que já é uma tradição da Juventude Franciscana da Comunidade. “É o meu Natal”.
Grávida de oito meses,TáyssaVinholes, de 31 anos, não mediu esforços para ajudar e dedicou parte do dia para levar esperança para essas pessoas. Ela fez parte da Juventude por 12 anos e sempre atuou como voluntária.
Agora planeja passar para a filha, Lavínia, os ensinamentos que aprende nesses momentos. É tanta emoção, que ela não segura as lágrimas.
“Já vejo a minha filha ajudando. É muito gratificante. Esse é o verdadeiro espírito de Natal”.
O freiValdevinoNegherbonconcorda comTáyssa. “Eles são criaturas de Deus. Estão entre as criaturas prediletas do Pai. São carentes de carinho, compreensão e política governamental. Nós, franciscanos, priorizamos estar entre os pobres”.
