Dois santistas que se dedicam ao estudo e à preservação do legado de José Bonifácio de Andrada e Silva, vão à França em missão diplomática para pesquisar sobre o período de exílio do Patriarca da Independência, entre 1823 e 1829. O presidente e o vice do Movimento Pró-Memória de José Bonifácio, o psicólogo Arlindo Salgueiro e o engenheiro químico José Geraldo Gomes Barbosa, respectivamente, embarcam hoje à Europa.
Os pesquisadores afirmam que farão uma prospecção científica de documentos que remetem a Bonifácio. O objetivo é estimular universidades a fazerem, também, pesquisas a respeito da vida e do legado do santista.
“O nosso objetivo sempre foi resgatar José Bonifácio em termos históricos, porque ele acabou sendo reduzido a um homem que não era. Ele era um homem progressista, que defendia a miscigenação como riqueza nacional quando se consideravam o negro e o indígena como desprovidos de alma”, afirma Salgueiro.
Para fazer esse resgate, Salgueiro e Barbosa estarão em Bordeaux e Talence, cidades em que José Bonifácio viveu. Em 1823, Bonifácio foi exilado após o imperador dom Pedro I fechar a Assembleia Nacional Constituinte.
“Ele se tornou, na época, um grande crítico político de dom Pedro I. Então, fazia trocas de correspondências com os jornais de Bordeaux e Paris, além de trocar ideias com outros brasileiros que estavam na França sobre a política que o imperador praticava no Brasil”, explica Barbosa.
Além da atuação crítica à política do imperador, José Bonifácio também se dedicou à poesia e publicou livros sob o pseudônimo de Américo Elísio. Segundo Barbosa, esse é um dos poucos fatos conhecidos sobre a estada do Patriarca da Independência na França.
Missão diplomática
Salgueiro e Barbosa viajarão em missão diplomática. Conforme os pesquisadores, a obtenção das credenciais foi possível graças ao intermédio do deputado federal e ex-prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que intercedeu ao Ministério das Relações Exteriores.
Com isso, as prefeituras das duas cidades francesas encaminharam ofícios nos quais informaram estar abertas para receber os pesquisadores. “É algo fantástico para nós. Não imaginava que conseguiríamos sair do Brasil em uma missão diplomática para a França desejando ajudar nesse resgate de José Bonifácio”, celebra Salgueiro.
Os dois pesquisadores devem ficar na França até 4 de maio. Depois, partirão a Portugal, onde se encontrarão com pesquisadores da Universidade de Coimbra para discussões sobre os estudos a respeito de José Bonifácio. Ele estudou e lecionou nessa instituição.