Recursos x projetos: Ministro aponta erros e acertos no combate ao lixo no mar

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22), Santos recebeu a visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

Por: Marcela Ferreira & De A Tribuna On-line &  -  22/03/19  -  15:01
Mais rigor com a destinação do lixo
Mais rigor com a destinação do lixo   Foto: Nirley Sena / AT

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22), Santos recebeu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para uma ação direcionada à prevenção e combate ao lixo no mar. Participaram da ação o diretor presidente da ABRELPE, Carlos Silva Filho, o prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa, o secretário do Meio Ambiente Marcos Libório, além de um grupo de voluntários do Instituto Ecofaxina.


O ministro do Meio Ambiente lançou o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar e participou das ações integrantes de um convênio, assinado há um ano, com a ABRELPE e outras entidades. O objetivo é dar assistência aos municípios para identificar os pontos de poluição das águas e promover o aprimoramento da gestão de resíduos sólidos em terra, como forma de prevenir o lixo no mar.


Autoridades relacionadas ao meio ambiente como IBAMA, além de voluntários de diversas cooperativas participaram das atividades. A primeira foi a Ação de Limpeza no Mangue, no bairro São Manoel, que começou por volta das 8h30. Voluntários participaram do serviço de despoluição do local, e a Marinha cedeu duas lanchas e inaugurou um ecoboat para a ação. O Prefeito Paulo Alexandre Barbosa chegou por volta das 9 horas, e a atividade foi encerrada às 9h50.


Os novos ecoboats, que serão operados pela prefeitura do município, tem como função recolher o lixo do fundo do mar com um sistema similar ao de uma escavadeira. 


Para o ministro, a poluição dos mangues pode ser explicada pela ocupação irregular de áreas, é “resultado de políticas públicas mal pensadas”. “Os órgãos públicos de diversas partes do Brasil permitem a ocupação irregular dessas áreas. Os órgãos estaduais, por muitas vezes e por diversos motivos, não apoiam as políticas municipais, e a legislação de uso de áreas de mananciais é muito rigorosa, acaba jogando as pessoas para a ilegalidade (de ocupação). É um problema de legislação e fiscalização”, completa.


Entre os resíduos coletados durante a ação estavam sapatos, capacete de moto, potes de margarina, pentes e centenas de garrafas pet, entre outros tipos de plástico, reflexo do que é descartado, em grande parte pela população da área. O projeto visa impedir que esse tipo de resíduos sólidos cheguem ao mar.


Investimentos x projetos


O ministro também explica que a retirada dos habitantes das áreas com mananciais, a fim de evitar a poluição do local, pode não ser o caminho, e a regularização é uma opção viável. "O grande problema hoje é a ausência de projetos, não de recursos", disse Ricardo Salles.


Ainda segundo o ministro, o Governo Federal destinou R$ 40 milhões de verba para a preservação da área. “Esses recursos já estão disponibilizados para o rastreamento de resíduos sólidos, ecobarreiras e manutenção dessas áreas”.


O prefeito Paulo Alexandre Barbosa, que também esteve presente na coleta de lixo do mangue afirmou que esse tipo de programa desperta a reponsabilidade da população. "O ministro com certeza vai trazer recursos e incentivos não só para Santos, mas para toda a Baixada Santista", disse.


Para o secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório, a mudança no olhar sobre o meio ambiente é o que irá transformar o comportamento da população e fomentar a criação de novos projetos como este. "É preciso uma ação conjunta para corrigir esse problema de décadas".


A deputada federal Rosana Valle, porém, afirma que para que os projetos que têm em vista melhorias para a região faltam verbas. “Nós temos que pedir recursos para políticas públicas para que a gente acabe com essa situação. Tem 12 mil moradias aqui que lançam o lixo e esgoto no mar. A gente tem que investir em tirar as pessoas dessas áreas e fazer urbanização para as pessoas que ficarem“, disse a deputada.


Escultura de tubarão-baleia foi inagugurada na praia do Gonzaga para armazenar resíduos sólidos (Foto: Nirley Sena / AT)

 

 


A escultura do tubarão-baleia, inaugurada na praia, do artista plástico Siron Franco, funcionará como um local para descarte de recicláveis na praia do Gonzaga, em frente à concha acústica. “O planeta está se tornando uma grande lixeira, e essa é a nossa forma de ajudar. Nosso tesouro não é o ouro, é a água”, disse o artista.


O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, defendeu a preservação dos mangues e afirmou que essas políticas têm em vista a preservação daquilo que é mais importante para a cidade. “Vamos preservar aquilo que temos de mais importante, a qualidade de vida”, disse.


Além da inauguração da escultura, também foi apresentada uma comporta, que fica dentro do canal 3, que serve para captar o lixo dos canais, para que não cheguem até o mar.


Presente no evento, o deputado federal Júnior Bozzella declarou que, além da conscientização da população, é importante voltar a atenção também aos navios, que são grandes produtores de lixo marítimo. “Os navios também descartam muito lixo no mar, e essa contaminação afeta os frutos do mar, que têm toxinas que acabam indo para o nosso organismo”, disse o deputado.


Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE, comentou a importância dessa ação ser realizada na cidade. “A partir da experiência obtida na cidade de Santos, e com esse reforço da parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o programa será ampliado para outras cidades litorâneas, a fim de que o Brasil possa ser um exemplo na prevenção da poluição marinha causada pelos resíduos sólidos”, finaliza.


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