Professora que leciona na mesma escola há 29 anos relata sua experiência com a educação

Kátia conta que o conceito de família mudou, ensino se transformou, mas não pensa em se aposentar tão cedo

Por: Da Redação  -  15/10/19  -  22:40
Atualmente, Kátia trabalha com crianças do Jardim, com idades entre 4 e 5 anos
Atualmente, Kátia trabalha com crianças do Jardim, com idades entre 4 e 5 anos   Foto: Divulgação

Mais de mil alunos que passaram pela Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) José da Costa Barbosa, no José Menino, em Santos, tiveram aulas com a professora Kátia Cavadas Domingues. Aos 60 anos e lecionando há 29, ela diz que o conceito de família mudou, a Educação se transformou, mas não pensa em se aposentar tão cedo. Nesta terça-feira (15), no Dia dos Professores, ela é homenageada por A Tribuna em nome de todos os docentes. 


Por opção, nunca quis trocar de colégio e, após tanto tempo, criou um vínculo forte com a comunidade. “Eu conheço praticamente todos. São muitos anos de dedicação a uma coisa que eu nasci para fazer”, conta. 


Atualmente, trabalha com crianças do Jardim, com idades entre 4 e 5 anos. Alguns dos aluninhos, inclusive, são filhos de ex-alunos. “Acompanho as histórias dos pais junto com o crescimento dos filhos.” 


Rotina 


Todos os dias, Kátia chega à unidade escolar às 7 horas. Costuma sair só por volta das 18 horas. “Percebo que, hoje em dia, está mais difícil lidar com os pais do que com os filhos. As desculpas são as mais diversas, mas, principalmente, a correria da vida.” 


Pela manhã, a educadora cuida da inclusão escolar. Ou seja, dá aula como mediadora entre professores e alunos com deficiência. Na prática, ela é a responsável por toda a adaptação, principalmente de estudantes com autismo. 


A professora chega ao colégio às 7 horas e sai, apenas, por volta das 18
A professora chega ao colégio às 7 horas e sai, apenas, por volta das 18   Foto: Divulgação

“Eu acompanho a rotina, vejo o desempenho e aprendo a lidar no dia a dia”, explica Kátia. 


Já à tarde, tem cerca de 30 alunos do Jardim que a aguardam de braços abertos. Atualmente, eles estão aprendendo, principalmente, sobre rotina, conceitos básicos de Matemática e probleminhas do dia a dia. “É algo que tem mais a ver com comportamento e a lidar com as pessoas”. 


Desabafo 


A professora de mais de uma geração está desde 1990 na mesma unidade. E, lá de dentro, Kátia viu muita coisa mudar na Educação do País. 


“Estou meio decepcionada, porque hoje os pais terceirizam a responsabilidade para a escola. É como se a culpa de tudo o que acontece fosse da Educação, inclusive os problemas em família”, desabafa. 


Segundo Kátia, as crianças eram mais curiosas e interessadas anos atrás. “Hoje, é tudo muito rápido. A um clique, no tablet. Então, fica difícil atrair a atenção delas por muito tempo. Tem coisas que são bem mais interessantes do que um professor parado na sala de aula.” 


O segredo para continuar por tantos anos na ativa, para ela, é acompanhar o assunto que faz sucesso em classe. “Não tem rotina na vida de professor. É preciso conhecer a turma e se adaptar a ela.” 


Sua dica para que a Educação finalmente prospere no Brasil é bastante simples: “Acho que os pais precisam ter consciência sobre a importância da escola. Eles é que precisam passar valores. Isso é algo de família e não se aprende dentro da sala de aula”, sugere. 


Segundo Kátia, muitos pais falham por ignorância, não de propósito. “Então, minha dica é para acompanharem seus filhos. Estejam mais presentes e preocupados.” 


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