Prédio do Ambesp, em Santos, afunda no abandono

Prefeitura não tem planos para o edifício

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  20/03/19  -  23:59
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Exemplar do movimento arquitetônico racionalista em Santos – tendência do início do século 20, caracterizada pela economia de solo e uso de formas simétricas – o edifício da Rua Gonçalves Dias, 8, no Centro, ainda aguarda por um projeto de ocupação. Sem qualquer destinação há mais de uma década, o prédio de sete andares já foi alvo de proposta para receber, outra vez, um departamento de saúde e até ser revertido para moradias sociais.


Por falta de definição, contudo, a construção em curva parece repetir a sina de outros prédios deteriorados pelo tempo na região central da cidade.


Antigo posto do Ambulatório de Especialidades (Ambesp), o imóvel, erguido na década de 1940, foi repassado do Governo Federal ao município em 2013 – por 10 anos, renováveis por períodos iguais.


Na ocasião, a ideia era que funcionasse no imóvel de 2,8 mil metros quadrados o Departamento de Vigilância em Saúde (que incluíam as seções de Vigilância Sanitária e de Vigilância Epidemiológica). A proposta não saiu do papel, porque o projeto de reforma previa investimentos acima de R$ 8 milhões.


Quatro anos depois, já na atual administração santista, os planos eram desenvolver mudanças internas para o edifício abrigar moradia social.


Em entrevista para A Tribuna, em maio de 2017, o arquiteto José Carriço informou que a proposta de retrofit (processo de modernização) consistia em seis unidades habitacionais por andar – somando, assim, 42 apartamentos.


Abandono


As únicas ações paliativas feitas pelo Poder Público foram murar as entradas da edificação para evitar invasões, dotar o imóvel de tela e instalar escoras de madeira nas antigas marquises – para proteger os pedestres contra eventuais quedas de material.


Entretanto, os anos de abandono já deixam marcas. Vidros quebrados, pichação e infiltração são visíveis em quase toda a extensão da fachada externa. “Está perigoso. Tanto que ninguém passa por aquela calçada”, diz a auxiliar administrativa Erica Ferreira.


Em uma das paredes, litros de água escorrem livremente. No telhado, cresce a vegetação, com danos às estruturas. “Vejo o dia que parte da alvenaria vai cair na cabeça de alguém. Quem sabe assim [a administração] tomará uma solução”, diz o gerente de um estacionamento no entorno, José Afonso Soares.


O cenário de abandono do imóvel se soma ao entorno. Multiplicam-se placas de vende-se e aluga-se nos prédios comerciais daquela região. Restam algumas empresas portuárias, estacionamentos e casas noturnas na via por onde passa a linha de bonde turístico de Santos. “É triste ver essa parte da Rua do Comércio vazia”, afirma o caminhoneiro José Ricardo Terras.


Procurada pela Reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura limitou-se a informar que o volume necessário de investimento para restauro do espaço “inviabiliza até o momento sua utilização pela Secretaria Municipal de Saúde”. O órgão não respondeu sobre a destinação do imóvel para fins habitacionais.


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